Segunda-feira, 17 de Dezembro de 2007
A minha versão de "i carry your heart with me" de e. e. cummings

Moreira do Rei, Fafe, 16 de Dezembro de 2007, foto minha em Creative Commons 3.0
Trago o teu coração comigo (guardo-o dentro
do meu coração) nunca o deixei noutro lugar (onde quer
que vá, vais comigo, meu amor; e o quer que seja feito
apenas por mim, é por ti feito, minha querida) temerei
jamais qualquer destino (pois és o meu destino, minha doçura) quererei
jamais qualquer mundo (que a tua formosura é todo o meu mundo, minha verdade)
e és tu o que uma lua sempre possa ter significado
e o quer que tenha sempre um sol cantado, és tu
aqui está o mais profundo segredo a todos velado
(aqui está a raiz da raiz e o botão do botão
e as alturas das alturas de uma árvore chamada vida; que cresce
para além do que a alma pode esperar ou o pensamento esconder)
e é esta a maravilha que mantém as estrelas separadas
Trago o teu coração (guardo-o dentro do meu coração)
Amei! Peço permissão para colocar no meu blog, com os devidos créditos, claro. Eu sabia que isto ia acontecer. Vou contar a razão: vocês são, como costumo dizer, os donos da língua. Acredite que assisto o jornal de notícias da Sic Internacional porque, por incrível que pareça, haja vista notícia ser invariavelmente sobre coisas ruins, há tanta poesia no modo de dizer as coisas. Não é para menos que meu escritor preferido é José Saramago. Obrigada mesmo. Informe se posso transportar para o leitoracritica. Parabéns!
Gerana
Ainda que creia que está sendo mais amável que justa, claro que tem toda a permissão para colocá-lo no Leitura Crítica! É, aliás, uma enorme honra para mim que o faça.
Poema e poema traduzido já estão no meu blog com os devidos créditos e agradecimentos. Valeu mesmo. Abraço de Gerana
De
Gerana a 20 de Dezembro de 2007 às 01:17
Eu havia notado que você ousou não repetir o verbo. E notei mais: quando você usa "guardo" a expressão está entre parênteses, ou seja, guardada, o que implica em mais sensibilidade ainda na tradução. Só enfatizei o "trago" porque ele abre versos com força. Você pensa a tradução na linha de Augusto de Campos, um poeta concretista e tradutor que prega princípios aqui plasmados por você. Sigo encantada com a solução para o poema de cummings devidamente traduzido.
De Maria Helena a 21 de Dezembro de 2007 às 22:31
Mesmo que nada escreva, já sabe que o visito regularmente :-))
Que a estrela amiga o acompanhe e que a generosidade que o caracteriza não se torne baça por causa de uma qualquer circunstância menos boa e, assim, eu possa, também, contar com as suas palavras.
Bom Natal!
Bom Natal, Maria Helena.
Vou tentar, no futuro, organizar as coisas de modo a poder publicar mais umas coisitas, mas a vida de professor, hoje em dia, está pouco dada a literatura.
Abraços.
Obrigado pela tradução e beleza compartilhada!
Fiquei feliz com a tradução e, também, em ler os sensíveis comentários de Gerana e Manuel.
Emocionei-me.
Dizer de sua justiça