Segunda-feira, 17 de Dezembro de 2007
A minha versão de "i carry your heart with me" de e. e. cummings


Moreira do Rei, Fafe, 16 de Dezembro de 2007, foto minha em Creative Commons 3.0

Trago o teu coração comigo (guardo-o dentro
do meu coração) nunca o deixei noutro lugar (onde quer
que vá, vais comigo, meu amor; e o quer que seja feito
apenas por mim, é por ti feito, minha querida) temerei

jamais qualquer destino (pois és o meu destino, minha doçura) quererei
jamais qualquer mundo (que a tua formosura é todo o meu mundo, minha verdade)
e és tu o que uma lua sempre possa ter significado
e o quer que tenha sempre um sol cantado, és tu

aqui está o mais profundo segredo a todos velado
(aqui está a raiz da raiz e o botão do botão
e as alturas das alturas de uma árvore chamada vida; que cresce
para além do que a alma pode esperar ou o pensamento esconder)
e é esta a maravilha que mantém as estrelas separadas

Trago o teu coração (guardo-o dentro do meu coração)

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publicado por Manuel Anastácio às 01:47
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7 comentários:
De Gerana Damulakis a 18 de Dezembro de 2007 às 01:43
Amei! Peço permissão para colocar no meu blog, com os devidos créditos, claro. Eu sabia que isto ia acontecer. Vou contar a razão: vocês são, como costumo dizer, os donos da língua. Acredite que assisto o jornal de notícias da Sic Internacional porque, por incrível que pareça, haja vista notícia ser invariavelmente sobre coisas ruins, há tanta poesia no modo de dizer as coisas. Não é para menos que meu escritor preferido é José Saramago. Obrigada mesmo. Informe se posso transportar para o leitoracritica. Parabéns!
Gerana
De Manuel Anastácio a 18 de Dezembro de 2007 às 08:03
Ainda que creia que está sendo mais amável que justa, claro que tem toda a permissão para colocá-lo no Leitura Crítica! É, aliás, uma enorme honra para mim que o faça.
De Gerana Damulakis a 19 de Dezembro de 2007 às 03:14
Poema e poema traduzido já estão no meu blog com os devidos créditos e agradecimentos. Valeu mesmo. Abraço de Gerana
De Gerana a 20 de Dezembro de 2007 às 01:17
Eu havia notado que você ousou não repetir o verbo. E notei mais: quando você usa "guardo" a expressão está entre parênteses, ou seja, guardada, o que implica em mais sensibilidade ainda na tradução. Só enfatizei o "trago" porque ele abre versos com força. Você pensa a tradução na linha de Augusto de Campos, um poeta concretista e tradutor que prega princípios aqui plasmados por você. Sigo encantada com a solução para o poema de cummings devidamente traduzido.

De Maria Helena a 21 de Dezembro de 2007 às 22:31
Mesmo que nada escreva, já sabe que o visito regularmente :-))
Que a estrela amiga o acompanhe e que a generosidade que o caracteriza não se torne baça por causa de uma qualquer circunstância menos boa e, assim, eu possa, também, contar com as suas palavras.
Bom Natal!
De Manuel Anastácio a 23 de Dezembro de 2007 às 00:01
Bom Natal, Maria Helena.

Vou tentar, no futuro, organizar as coisas de modo a poder publicar mais umas coisitas, mas a vida de professor, hoje em dia, está pouco dada a literatura.

Abraços.
De Lucas Sodré a 8 de Junho de 2015 às 01:23
Obrigado pela tradução e beleza compartilhada!
Fiquei feliz com a tradução e, também, em ler os sensíveis comentários de Gerana e Manuel.
Emocionei-me.

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