Pormenor de um dos órgãos do Mosteiro de São Miguel de Refojos de Basto - Cabeceiras de Basto - foto minha em Creative Commons Soltaram a poesia,
A filha sonora da Maresia
E da Doçura,
Nas ruas da Amargura.
Soltaram-na...
E ela, coitada,
Sem saber o que fazer, desamparada,
Em tão amargo meio,
Sem regras e sem freio,
Lançada a versos tão irregulares
No circo sangrento dos poetas petulantes,
Quis suicidar-se.
Quis dar-se.
E deu-se em sacrifício à prosa...
Ao vestir as vestes sacrificais
De despretensiosa,
Fugiu aos tribunais
Da Gramática Inquisição.
Morreu.
Secou-se-lhe o coração.
Morreu a Poesia!
A filha sonora da Maresia
E da Doçura.
Deixou-se morrer.
Até a dor morreu,
fingida ou não.
E alguém quis saber?
Naaaaão!