Estás a ver quando, depois muito de brincar,
Te vem o sono?
É assim o Outono.
É a Natureza a cabecear. De sono.
O Verão trouxe luz
E o canto das cigarras.
Agora, os ramos nus
São como garras
Que ora agarram os sonhos e os frutos,
Ora os deixam ao abandono.
É assim o Outono.
Alguns bichos, astutos,
Conhecem, do Inverno, o sinal
E nos troncos devolutos
Fazem os leitos da preguiça invernal.
Sobre os restos quentes e enxutos do Verão
Sonha-se com o que não se fez,
Mas só desta vez.
E enrolam-se no calor, isolados de qualquer mal,
À espera de nova vida, para além daquela, agora, adormecida,
Para lá, longe, além, tão além
De qualquer sono, preguiça, sonho. Hibernação.