Trailer de "Bolt", de Byron Howard e Chris Williams
Constituímos um espectáculo para os anjos, diz a Bíblia. Bolt é um canito que acredita que tem superpoderes. Afinal, tem-nos, mas não na forma nem no conteúdo dos que julga que tem. Este filme, belíssimo objecto de arte para todas as idades, parte deste conceito, algo metafísico e religioso, que já foi desenvolvido noutros filmes "adultos". O filme, porém, perde-se um pouco em alguns postais da terra do Tio Sam e, por vezes, é demasiado piegas. Mas vale a pena ver. A tríade composta pelo cão, pelo hamster e pela gata é a perfeita imagem da perda da inocência e da procura do equilíbrio entre as crenças que nos dignificam e que devemos cultivar intimamente e as crenças que, ilusórias, apenas eliminam a autenticidade com que justificamos a nossa presença no mundo. Porque de crenças é sempre composta a nossa visão do mundo. Mas há umas melhores que as outras. Como distingui-las? Usando os critérios de sempre: bondade, empatia, confiança. O espectro que se estende do amar ao acreditar.