Domingo, 23 de Julho de 2006
Ono no Komachi - A imperceptível cor da Primavera
Otto Marseus van Schrieck (1619 - 1678): Blaue Winde, Kröte und Insekten ("Corriola azul, sapo e insectos") Em contemplação
Da chuva insistente
Que cai sobre o chão
Também o meu íntimo
Peito empalidece
Perante a imperceptível
Cor da Primavera.
(Versão de Manuel Anastácio de um poema
de Ono no Komachi, a partir de uma tradução de
Hirshfield & Aratami)
Sábado, 15 de Julho de 2006
Ono no Komachi - Outono II
Flor silvestre (género Crocus? - família das Iridáceas) em eucaliptal queimado (2005), Lugar do Monte, Escudeiros, Braga.Se o Outono, pelos campos,
Desata em centos de flores
As suas bandeiras...
Por que me nega a vergonha
A vontade de saltar
E gritar em liberdade?
(Versão de Manuel Anastácio de um poema de
Ono no Komachi, a partir de
uma tradução de Hirshfield & Aratami)
Quarta-feira, 12 de Julho de 2006
Ono no Komachi - Outonos
Thomas Cole (1801 - 1848), Mountain House em Catskill - Os quatro elementos (1833 - 1834)Esta casa abandonada
Que, como um clarão
Brilha nesta aldeia
Rodeada de montanhas...
Quantas terão sido as noites
Em que pernoitou
Aí, o Outono?
(Versão de Manuel Anastácio de um poema de Ono no Komachi,
a partir de uma tradução de Hirshfield & Aratami)
Sexta-feira, 7 de Julho de 2006
Ono no Komachi - Reciprocidade dos vazios
Mulher selvagem e unicórnio (Tapeçaria do início do século XVI)
- Historisches Museum, Basileia
Desde que o meu corpo
Foi votado ao esquecimento
Por quem prometeu regresso
Que me limito a pensar
Se ele existe deveras.
(Versão de um poema de Ono no Kmachi a partir de uma
tradução de Hirshfield & Aratami)
Terça-feira, 4 de Julho de 2006
Ono no Komachi - Cervos do monte
Cena de caça, de Paul de Vos (1596 - 1678)
Archotes de caçadores
Apagam-se no monte Ogura.
Um cervo chama p'las fêmeas...
Como facilmente
Adormeceria
Se não partilhasse
Também, dos seus medos.
(Versão de um poema de Ono no Komachi, a partir de uma tradução de Hirshfield & Aratami)
Nota: como prova da universalidade dos temas poéticos, lembro esta "canção de amigo" de Martin de Ginzo Pero Meogo [ver comentário de Deborah Cabral]:
Ai cervas do monte, vin vos preguntar:
foi-s' o meu amigu' e, se alá tardar,
que farei, velidas?
Ai cervas do monte, vin vo-lo dizer:
foi-s' o meu amigu' e querria saber
que farei, velidas.