Segunda-feira, 1 de Abril de 2013
The Medium is the Massage

 

The Medium is the Massage, em 1967, foi um livro que, de alguma forma e através de uma forma gráfica ora ilustrativa, ora redundante, ora provocante nas questões capaz de suscitar, pretendia dar aos sentidos uma experiência consentânea com as teses de Marshall McLuhan. A interferência entre imagem e texto ficou nas mãos do artista gráfico Quentin Fiore, com a coordenação Jerome Agel. O livro marcou não uma geração, mas todas as gerações a partir da década da confusão e, provavelmente, aquilo que tanta confusão fazia a quem se esforçava por entender o pensamento de McLuhan, já que se utilizavam ferramentas e modelos interpretativos do passado para compreender um futuro de perigosidade e confusão obrigatória é hoje igualmente difícil para quem nasceu imerso na própria extensão electrónica de uma rede de sistemas nervosos centrais e tem apenas como referências ferramentas e modelos interpretativos de um passado onde o indivíduo não era o que é hoje. Um ano depois do livro, John Simon, da Columbia Records, decide pegar no conceito subjacente ao livro e traduzi-lo numa gravação. Mantém os créditos do livro e dá origem a uma fascinante montagem ao modo de colagem de sons e música(s), evocativos da aparente descoordenação dos média e da televisão em particular, com citações, predominantemente de McLuhan, mas também de autores como John Cage, Joyce, Sócrates, Lewis Carroll, numa série de vozes diferenciadas na sua interpretação e no seu posterior tratamento. Não é por acaso que Joyce aparece entre as vozes dispersas, já que o fluxo de consciência que constitui grande parte da sua obra não é apenas percursor como é a própria forma adotada por esta narrativa sonora prenunciadora do zapping (anos 80) e da conversão da sociedade linear ocidental ao hipertexto e hipermédia (termos vindos à luz em 1963), bem como a um esquema mental que pouco difere das paranomásias de McLuhan, espelhado nas próprias formas de humor da era do Facebook. O medium é a mensagem (message), a era da confusão (mess age), a era das massas (mass age) e a massagem (massage - como aparece no título, supostamente graças a um erro de impressão que foi bem recebido e apropriado por McLuhan). Aqui vos deixo as duas partes desta gravação que alterou a percepção da realidade a muita gente e ainda o pode fazer hoje em dia. Podem acompanhar as citações aqui à medida que vão ouvindo esta ópera ainda contemporânea.

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publicado por Manuel Anastácio às 13:10
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Quinta-feira, 19 de Abril de 2012
O Coração Sabe, de Vasco Ferreira Campos

Que "O Coração Sabe" coisas que o intelecto se recusa, por teimosia, a olhar de frente, todos sabemos. Mas poucos são aqueles que as sabem transformar em certezas e, menos ainda, aqueles que as conseguem expor no seu esplendor de coisas não corrompidas pelo pensamento. Vasco Ferreira Campos é um poeta capaz de definir as certezas com a mesma convicção com que defendemos os nossos pressentimentos. É um poeta das coisas concretas, tal como a memória as desencanta dos recantos mais luminosos daquilo que nos define enquanto pessoas. Há nos seus poemas um clarão místico, de coordenadas meridionais e orientais, com toques de uma religiosidade e fé pagã, natural, alheia à catequese. Da mesma  forma que uma criança, perante o rosto das respostas que lhes são dadas, não aceita a possibilidade do engano, há uma puerilidade sábia e reflectida em cada um dos seus versos ("agora até sou mais inteligente, mais convencido / e, inevitavelmente, menos sabedor"). 

 

A dedicatória do livro de poemas que tenho agora ao meu lado é dirigida aos seus filhos. E Vasco Ferreira Campos deixa-lhes, neles, uma herança de certezas talvez deles recebida. É à luz do olhar infantil que a sua poesia, madura, justifica esta primeira impressão de infância recuperada, com uma força descritiva e evocadora ao modo de Proust, mas de forma sintética e quase epigramática. Chamei um dia, a um dos poemas deste livro, um tratado de antropologia íntima. É daquelas expressões que eu gosto de buscar ao baú das minhas impressões confusas, mas que, no fundo, o meu coração sabe estarem certas. Antropologia, dizia eu, mas poderia chamar-lhe, também, epistemologia prática. Uma epistemologia que legitima alguns enganos (não erros) que nos deixam uma esperança intimamente justificada de estarmos certos. Mas as palavras do Senhor Vasco, como o conheci pela primeira vez, nem são dessa esterilidade discursiva para a qual está a cair este meu texto (e que já me fez perder 60% dos leitores que avançaram para lá da segunda linha de texto), nem exigem profundidades de análise porque convém que sejam lidas de olhar lavado e com o estado de espírito próprio de quem vai ser admitido numa casa acolhedora, a meio de uma tempestade ou a meio da desolação da inexistência. E há, de poema em poema, um percurso onde nos confrontamos com a infância, as responsabilidades que assumimos e para as quais nos faltam a simples possibilidade de as manter, não por impotência, mas pela própria essência do devir e da entropia, a felicidade dos espaços familiares, a intimidade dos olhares sempre à procura de um horizonte fixo onde assentar certezas sem nome, mas luminosas e propiciadoras de uma paz que ora toma a forma de uma casa ora a sombra de uma árvore (talvez ambas, a mesma coisa). Mas sempre que evoca a árvore ou a casa, não o faz de forma abstrata. As árvores e as paredes têm uma realidade própria feitas de experiências sensoriais sugestivas, mas sugerindo sempre verdades íntimas que se confundem com verdades universais, da mesma forma que o contato erótico, sugerido mais pela cadência dos versos nos poemas que pelas imagens mínimas do cabelo ou da pele humedecida, toma a mesma certeza intemporal, semelhante à certeza da morte, tão próxima da certeza da própria existência. A dignidade humana é feita destes arrepios feitos de tempo, espaço, memória ("os nossos mortos / têm a localização exacta / dos seus vivos") e na conciliação de todas as dualidades graças à escolha, a cada passo, de um novo abrigo: a casa iluminada, a árvore, os objetos de um quotidiano harmonioso e belo, não obstante a corrupção do mundo e - principalmente - os filhos, herdeiros das certezas e dos enganos cósmicos que mantêm a sucessão das estações e a permanência das coisas belas enquanto manifestação da própria natureza em nós, que somos apenas um elo entre as ternuras a nós passadas ("As pombas esvoaçam em redor do meu pai. // A minha mãe por todo o lado") e as que, o coração sabe, transparecem na contemplação da luz que ilumina, reciprocamente, o amador transformado na coisa amada.

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publicado por Manuel Anastácio às 00:59
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Segunda-feira, 5 de Março de 2012
O Diário de Anne Frank

O Tiago pediu a minha opinião sobre "O Diário de Anne Frank". Ora, este é um livro sobre o qual é impossível ter opinião. Lembro-me um dia de, numa aula, a professora de Língua Portuguesa ter pedido para escrevermos um texto sobre um dos momentos mais fortes, emocionalmente, da nossa vida. Eu não o fiz. Escrevi sobre uma treta qualquer sobre um filme que amava muito na altura (e que agora, embora o considere um dos filmes da minha vida, já pouco me diz) e assim escapei de ter de expor as minhas maiores dores. Até porque naquela idade temos pouco discernimento sobre a tragédia ou sobre a impressão que cada coisa, individualmente, terá na nossa vida. Uma grande amiga minha, de quem perdi totalmente o rasto, escreveu um texto sem particular valor literário mas infinitamente superior àquilo que alguma vez escrevi ou escreverei, a não ser que um dia eu venha a passar por algo semelhante (e queira Deus que não). Quando a professora entregou os textos, ela deu-mo para ler e disse que estava arrependida de ter escrito o que tinha escrito e perguntou-me o que é que eu pensava daquilo. Li o texto. Não era uma obra de grande literatura, mas estava lá tudo o que deveria estar em cada linha da grande literatura. Um grito de revolta, de dor e, ao mesmo tempo, do amor mais profundo. Não vou dizer o que lá estava escrito, porque acho que não devo, mas o importante a reter é que a literatura não é a vida. Pode orientar-nos na vida, preencher grande parte da nossa vida, mas não é a nossa vida. Na altura em que li aquele texto da minha amiga, não chorei lágrimas de comoção como já fiz por coisas menores, disse-lhe apenas que aquilo era coisa sobre a qual não poderia ter opinião. Ela fez um ar triste e disse que me compreendia. Não era possível dizer-lhe que aquela frase ficaria mais elegante dita desta ou daquela maneira, porque há coisas em que a elegância do estilo é dispensável. A verdade é superior a qualquer figura de estilo. E quando a verdade se parece com uma figura de estilo, ou estamos frente a uma anedota verídica ou perante a mais pungente das tragédias. Naquele texto havia apenas a descrição de uma noite em que alguém bateu à porta da minha amiga e deu uma notícia por meias palavras. Hoje, eu poderia dizer à minha amiga: o teu texto está excelente, mas, sabes,  esse último parágrafo em que explicas o que aconteceu e não quiseram dizer quando abriste a porta era dispensável - assim como tu mesma percebeste o que te tinha acontecido com as meias palavras de quem te deu a notícia, da mesma forma o leitor o perceberá. Mas eu nunca o teria dito porque o tema era mais forte que o estilo. Um escritor com alguma capacidade sabe quando é que deve parar de narrar. Muitos jovens julgam que precisam de explicar aquilo que escrevem - e na verdade, precisam, porque estão numa altura de aprendizagem em que é preciso reflectir de forma académica sobre as coisas que escrevem. Eu sou a favor de uma educação académica. Deve-se dar prioridade às coisas certinhas e bem feitas. Os génios saberão, depois, fazer coisas novas. Mas um professor não avalia génios. Tem uma tarefa mais modesta, mas não menos importante. Os génios são avaliados pela Humanidade. É por isso que acho que aquelas histórias sobre os professores que não viram que o Einstein era um génio são um perfeito disparate. Mas voltando à minha amiga e ao seu texto: há palavras sobre as quais quaisquer palavras são demais. Onde a crítica não é possível.

 

Eu não considero o "Diário de Anne Frank" uma obra literária. Está bem escrito e toca na alma de qualquer um, e Anne Frank poderia bem ter vindo a ser uma grande escritora, não fosse a tragédia humana que foi, um dia, um povo ter encontrado uma ditadura de iniquidade a que se aninhar. Mas se não fosse o Holocausto, que seria daquelas páginas? Para começar, não teriam sido escritas, e Anne Frank teria escrito apenas um diário de adolescente sobre as primeiras impressões do amor. Da mesma forma como escreveu? Tenho as minhas dúvidas. A opressão, a perseguição, a miséria e a desumanidade tanto reduzem as pessoas a cinzas como podem fazer despertar nelas uma luz que permanece ao longo dos séculos. Anne Frank teve de viver, perante a permanente ameaça da morte, de uma forma mais intensa do que alguma vez teria vivido em tempo de paz e prosperidade. Não digo, com isto, que a guerra e a intolerância são boas! Jamais! Mas a verdade é que a Natureza e a História têm por vezes estas formas de justiça poética em que aqueles que poderiam passar despercebidos passam a ser heróis. Eu luto por um mundo onde os heróis seriam apenas aqueles que lutassem contra as forças da natureza a favor do seu semelhante humano. Por exemplo, já que o Tiago me pediu que lhe recomendasse um livro, faço-o agora: lê "O Escafandro e a Borboleta" de Jean-Dominique Bauby (até porque tem a ver com a tua confessada vocação). É um livro sobre alguém que, tal como Anne Frank, lutou contra um encerramento forçado e que, se não fosse esse encerramento, passaria por esta vida como um estranho - uma pessoa digna, sem dúvida, brilhante, sem dúvida, mas estranho e desconhecido para todos ou quase todos. Com uma diferença. Bauby escreveu um livro (e um dos mais belos alguma vez escritos) apenas com uma pálpebra. Não porque fosse artista de circo mas porque, encerrado no estado de saúde em que estava, só podia comunicar com o exterior com uma pálpebra. Não podia, sequer, utilizar a linguagem não verbal com que tantas vezes interpretamos as frases de quem conosco comunica. Tinha de se limitar à linguagem verbal, escrita, e a conta gontas. Mas Bauby foi um herói contra um estado de coisas que não foi provocado por outro ser humano. Foi vítima da Natureza. Talvez um dia haja algum neurocirurgião chamado Tiago Peixoto a libertar aqueles que vivem encerrados atrás de uma pálpebra - e que honra e alegria teria eu nisso, como se fosse eu mesmo a fazê-lo. Mas essa é uma luta contra as adversidades da natureza. Todos os heróis deviam ser assim. No caso de Anne Frank, o heroísmo é de outra ordem. Anne perdeu a possibilidade de viver uma adolescência normal graças à iniquidade de outros seres humanos e não porque tinha uma doença ou porque foi apanhada por uma inundação repentina. Foram outras pessoas a colocá-la naquela situação e foram outras pessoas que interromperam antes do tempo aquela obra de humanidade forçada. 

 

O Diário de Anne Frank é mais que um livro e mais que literatura, embora existam livros mais bem escritos. É um grito de humanidade sobre o qual não podemos ter opinião. É um pedaço sagrado de uma vida, uma relíquia de valor infinito. Também os outros livros o podem ou devem ser. Mas não de forma tão violenta. Não porque o livro seja violento. De facto, parece-se bem, e apenas, com um mero diário de uma rapariga mais inteligente do que a média posta numa situação que nunca deveria ter existido. Todos os dias penso para mim mesmo como seria bom que livros como "O Diário de Anne Frank" nunca tivessem sido escritos. Não saberíamos o bem que tínhamos. Mas, Tiago, como saberia bem essa ignorância.

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publicado por Manuel Anastácio às 21:44
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Domingo, 4 de Março de 2012
The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore, de William Joyce
Se pensarmos em livros no cinema, é inevitável pensar nas fogueiras distópicas do "Fahrenheit 451" (Grau de Destruição, em Portugal) de François Truffaut, onde o livro é elevado à categoria de objeto proibido, subversivo e potenciador da criação de universos individuais incompatíveis com uma ordem social nascida da formatação por igual, e por baixo, dos cidadãos. Nesta curta metragem, Os Fantásticos Livros Voadores de Mr. Morris Lessmore, o cinema volta a fazer uma homenagem aos livros e à literatura. E, usando mais referências cinéfilas que bibliófilas, usa o objeto livro como personagem principal de uma alegoria facilmente assimilável, terna e verdadeira. O que é um livro? Em termos absolutos, um livro em formato digital é também um livro - e sê-lo-á mais do que um livro fechado a correntes como acontecia no tempo de todas as fogueiras. Um filme, na minha opinião, é um livro, da mesma forma que um objecto de arte poderá ser uma página - e, por alguma razão se chamam álbuns aos conjuntos organizados de interpretações musicais. Um livro é mais que o objeto composto por folhas cosidas a uma lombada e coberto por uma capa, mas será sempre, parece-me, esta a imagem que dele teremos no futuro, mesmo quando os suportes digitais conseguirem atingir a maleabilidade, adaptabilidade e especificidade de cada livro, nas suas características materiais, na sua relação com o leitor. O peso do livro, a sua grossura que diminui a cada página virada, a marca do uso por mãos anteriores, os sinais da sua perenidade deciduidade, são aspetos que não devem ser ignorados na paixão que alguns seres humanos desenvolveram em relação a um dos objetos também mais odiados e constantemente condenados à destruição por parte de outros seres humanos. Este pequeno filme centra-se na relação entre o livro e a morte e, dando aos livros propriedades físicas e biológicas que a eles não pertencem, põe de forma clara a tónica na eternidade do livro enquanto conceito e não enquanto objeto físico, sem que este último mereça menor consideração. O ser humano pode caminhar feliz na estrada da desmaterialização da informação, mas os nossos primeiros livros serão sempre físicos. O primeiro livro de uma criança é o objeto que esta leva à boca, assimilando uma realidade desconhecida à sua única maneira de sentir o sabor do mundo. O ser humano necessita dos objetos como totens ou amuletos configuradores de uma verdade imaterial mas que se relaciona com a realidade material que, para todos os efeitos é, no nosso entendimento, a realidade - por mais que acreditemos em energias e espíritos, e por mais fé que depositemos na falsidade da matéria, quando pensamos em verdade pensamos em objetos alheios a nós, como se nos fosse impossível participar dessa verdade com volume e presença perante a nossa figura fantasmagórica contaminando de falsidade os objetos. Ao mudar uma pedra de sítio, penso: tirei-a do seu lugar próprio, interferi na realidade, tornei falso aquilo que era verdadeiro. Quem escreve sabe bem que, ao escrever, está a dar forma material ou visível a uma verdade que, em grande parte, é mentira, ou mentiras que, na sua mais íntima realidade, são verdades absolutas. A ficção pode muito bem ser mais verdadeira que a não ficção. Basta ler um livro de ciência de há um século atrás e verificar como envelheceram as suas verdades e como cada frase comporta em si o erro, enquanto que os romances que já eram extraordinários naquele tempo parecem mais válidos agora do que nunca. 
Pequenos filmes como este são úteis na compreensão desta relação de amor que estabelecemos com objetos que servem de testemunho de outras tantas relações entre a verdade e a mentira, a posse e a dádiva, a permanência da vida e a imanência da morte. Este filme é um livro. E como qualquer livro, não se encerra nas suas páginas porque suscita outras. Há nos livros uma capacidade reprodutiva e somos nós, que os habitamos transitoriamente, o meio de cultura que lhes permite a disseminação. Quem pega num livro e o abre participa no maior dos acontecimentos do Universo, o único onde todos os acontecimentos foram e continuarão a ser possíveis. E onde a realidade se torna verdadeira quando ainda todos andam no terreno falso de um furacão sem chão, sem pensamentos e sem sonhos partilhados. Que um livro, entenda-se bem, só o é quando passa de mão em mão.
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publicado por Manuel Anastácio às 09:48
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Sábado, 14 de Janeiro de 2012
Sebastiana e Manas, de Antonieta Ribeiro

Antonieta Ribeiro é uma daquelas grandes amigas que descobri graças à minha esparsa atividade na Internet. Este seu livro, magnificamente ilustrado por Rita Correia num majestoso preto e branco de traços complexos e tão cheios de referências ecléticas quanto o texto de Antonieta, é, logo ao primeiro encontro, um deleite para a visão e para a audição (se lido em voz alta para qualquer pequenote que não se interesse apenas pelas coisas sem interesse que atropelam a vida das crianças de hoje). 

 

Cinco irmãs, numa teia de cincos que despertam o leitor para as subtilezas dos pormenores literários, que vão desde os nomes das personagens aos génios e espíritos que dão forma aos sentidos, descobrem, num encontro de sensibilidades, a riqueza de um mundo onde em tudo moram deuses, como é dito no célebre fragmento de Tales de Mileto.

 

Há, por vezes, na literatura infantil, um certo medo da complexidade. Antonieta sabe bem que as crianças enfadam-se facilmente com a simplicidade minimalista, cujos encantos são apenas para alguns adultos iniciados na abstração. O Universo, para uma criança, é repleto de coisas para descobrir. E Antonieta abre portas em todas as direcções. Há neste livro uma chave para qualquer educador explorar em conjunto com a criança que nele se perder, entre nomes de espécies botânicas a grandes criadores da História Universal.

 

Não consigo deixar passar despercebida as referências à cidade de Guimarães e a São Gualter, bem como as entradas da Wikipédia (algumas com um dedinho meu) com que Antonieta me fez crer (provavelmente sem eu ter razão em crer em tal) que este livro foi escrito para mim. Creio - qual creio, sei, que quem quer que nele pegue descobrirá um recanto de luz, perfume, delícia, carícia, bem como um certo murmurar de vozes que transcendem aquilo que sentimos. É preciso ir mais além. E Antonieta fê-lo. Diz-me o meu sexto sentido.

 

Onde comprar? Aqui vai a lista (tirada daqui).  

 

Les Enfants Terribles - Bar & livraria do Cinema King 
Rua Bulhão Pato Nº 1, Lisbon, Portugal 

Livraria Caminho 
Rua Pedro Santarém, n.º 41 
2000-223 Santarém 

Livraria Graça 
R. Junqueira 46 Póvoa de Varzim, 
4490-519 Porto 

Livraria Avenida 
Rua António Sardinha 11 -r/c 
7800-447 Beja 

Clube Literário 
Rua Nova da Alfândega, 22 
4050-430 Porto 

Aliete S Clara Brito 
Avenida 25 de Abril, 24 R/C 
8500-511 Portimão 

Livraria Portugal http://www.livrariaportugal.pt/ 
Dias & Andrade, LDARua do Carmo, 70 
1200-094 Lisboa 

Livros da Ria Formosa 
R D. Vasco Gama Edifício Vasco Gama-lj L, 8600-722 Lagos 

Culturminho – Braga 
Rua Dr. Francisco Duarte, 319 
4715-017 Braga 


Culturminho – Guimarães 
Praça Heróis da Fundação, 436 
4810-242 Guimarães 

Apenas online: 
Bertrand Livreiros 


Chiado Editora 

Ou falando com a autora Antonieta Ribeiro, fazendo o pedido directamente para o seu e-mail: aribeiro43@gmail.com

 

Não se vão arrepender.

 

 

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publicado por Manuel Anastácio às 16:35
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