Espigas - Capelas Imperfeitas, Mosteiro da Batalha Não griteis em vão, guerreiros,
Que vos preparais para a Batalha
Onde a luz do sol há-de vencer.
Não griteis em vão.
Porque não é no grito
Mas no gesto
Que a luz se transforma em pão.
Envergai com orgulho as lanças quebradiças.
Um dia virá
Em que a haste do trigo vergará o aço.
E onde estareis vós, guerreiros,
quando essa Batalha
fizer escorrer seiva em vez de sangue?
Onde estareis vós?
Não griteis em vão
Porque no grito que é dado sem dor,
mas apenas com arremedo de coragem,
Não há som nem decisão.
Gritai apenas quando sentirdes o ferro na garganta.
Gritai apenas quando o sangue vos sufocar a voz
e esta vos fluir pastosa e vermelha,
em bagos,
como no milho-rei desfolhado pela mulher
que julgarás beijar
quando se dissolver a luz entre as ervas rasteiras
que te limitam o horizonte.
Arcaz tumular no Museu Arqueológico de Barcelos (Paço dos Duques de Bragança).Tanta morte, havendo vida,
Nestas flores
Rompendo em dores dos cristais!
Além, também, das cores de pedra:
Como esse rosa em mica florida,
Sobre o duro fundo que medra
Fungos sobre sinais.
Até sobre flores eternas
Recai o Outono.
Até a mais pesada pedra
Pode cair em silêncio sobre um corpo, sem causar dor .
Feliz ideia, a de um túmulo despojado do morador.
Nem os coveiros de Hamlet sabiam o que diziam:
Não há moradas eternas. Nem para a morte.