Domingo, 14 de Abril de 2013
LXXVI

I see sad people...

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publicado por Manuel Anastácio às 21:07
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Terça-feira, 9 de Abril de 2013
Buscas pedidas: "filmes sobre a vida de um parabelechico"

Caro internauta, os parabelechicos não se mexem muito. E o cinema gosta de movimento. Mas pode tentar o "Escafandro e a Borboleta", que apesar de não ser sobre um parabelechico, é sobre alguém que só consegue mexer um olho - o que, bem mexido (e o protagonista, real, não só o mexeu bem como criou uma das mais belas obras de arte da história da Humanidade), é mais do que faz a maioria da população que gosta de se imobilizar até à morte enquanto os abutres os descarnam (desossam, queria eu dizer). Se der ouvidos às más línguas, o Manoel de Oliveira faz o mesmo. É mentira, tomara o... como é que ele se chama? ah...Usain Bolt. Ou o Armstrong. Tomara ele ter a pedalada do Oliveira. Sem doping.

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publicado por Manuel Anastácio às 22:42
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Sexta-feira, 5 de Abril de 2013
LXXII

Portugal tem tomates. Concentrados. Não sei é concentrados no quê.

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publicado por Manuel Anastácio às 21:27
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Segunda-feira, 10 de Setembro de 2012
Deus e Eu

O que me irrita, de forma benigna, nos meus melhores amigos, é que eles não pensam como eu e, pricipalmente, eu não os compreendo de todo. Deus é um deles. Visita-me com frequência. Nunca me convida, aparece quando lhe apetece, e eu não levo a mal, até porque raramente aparece em alturas impróprias. Privilégio de ser Deus. Letra maiúscula por ser nome próprio e não por qualquer reverência. O cabrão, que é assim que o chamo e ele não leva a mal, condenando-me apenas ao Inferno (que ele jura não ter inventado) dá apenas uma gargalhada malévola e deixa a coisa continuar na amena cavaqueira. Há dias, estava eu piúrço com o gajo, chamei-lhe nomes que dava para um múltiplo infinito de Inferno, e amandei-lhe à cara que o Amor não poderia permitir a Morte, que eram coisas incompatíveis e que por isso, São João Evangelista, um gajo a quem pedi amizade no Facebook e até agora não respondeu, estava errado. Toda a gente que não aceita a minha amizade no Facebook está errada, como é óbvio. Não é o caso de Deus que não tem Facebook porque se diverte a ver contas fantasma a usurparem-lhe a divindade sem que o pessoal da Califórnia ligue puto à coisa. A Morte... dizia eu... e ele: sem a Morte não davas um chavo pelo Amor. E eu, que sou um gajo apaixonado para quem as mulheres se resumem a duas, a minha e as outras (Deus ainda me atirou à cara que ninguém possui pessoa alguma mas eu, como fanático que sou, dei um peido pela divina laracha), disse-lhe que só alguém com sérios problemas de Amor (a isso, o gajo fez um ar triste que me comoveu e que me levou a pensar que a vida amorosa é complicada até para quem é Todo Poderoso) é que podia ter inventado a Morte. E ele  disse-me, com a capacidade dada por milénios de conversas como esta, que estava sem palavras. E perguntou onde é que era a casa de banho. Ele foi e ouvi-o a virar o barco. Quando abriu a porta dei-lhe um abraço. Não te compreendo, és mau como as cobras ou pior, mas quem é que não fica avariado dos cornos pelo simples facto de ser Deus?... Ele sorriu, confundido e disse-me que eu não sabia a sorte que tinha. Enquanto ele descia pelo elevador, senti-me grato. Obrigado, Deus. Podes ser um verme execrável, mas deu-me a impressão que nos criaste assim por te sentires infinitamente inferior a alguém que te fez o que nos fazes a nós. 

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publicado por Manuel Anastácio às 22:21
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Quinta-feira, 10 de Novembro de 2011
Das couves

Graças à Ana Ramon, que me mandou o artigo a que faço referência no post anterior, dei de caras com uma couve que me dizia alguma coisa. As couves têm, no Reino das Plantas, o desprezado lugar da burrice que, no Reino dos Animais, é reservado às galinhas. Diz-se de uma pessoa que está em coma que está como uma couve, ou que se reduz ao estado de uma couve. Poderia agora discorrer sobre a capacidade, comprovada cientificamente, de as couves, como outra planta qualquer, comunicar com outras plantas da mesma espécie. Não comprovado cientificamente, mas bem capaz de ser possível, será a sua capacidade de comunicar com outros seres vivos que com elas interajam interespecificamente (afídios, lagartas da borboleta-das-couves, moscas-brancas, ervas de toda a espécie e bactérias alojadas nas raízes, incluindo as que fazem o tão detestado "potro" que se manifesta com a formação de tubérculos nas raízes das mudas jovens de couve ratinha que os meus pais rejeitavam e que eu, caridosamente, plantava num canto da horta e, não raramente, davam boas folhas durante um ano ou dois). Também podia discorrer sobre a falsa burrice das galinhas, especialmente dos pintainhos que parecem ter capacidades paranormais, se for a acreditar nos livros da coleção "Labirinto" das Edições 70. Mas quando a Ana Ramon me enviou um mail sobre as virtudes nutritivas da couve-galega (que na minha terra é couve-ratinha), quando abri o link derramou-se sobre os meus olhos uma imagem familiar. A imagem não dizia: "foste tu que me fizeste". Tirar uma fotografia tem pouco de autoria, que me desculpem os fotógrafos. É apontar e disparar. Eu sei que o ângulo, a luz e tudo o resto conta e transfigura a realidade natural em objeto artístico, mas não é disso que agora quero falar. Aquela couve falava comigo por si mesmo. As suas folhas azuladas (eu sei que eram azuladas, mas a Gláucia alertou-me novamente, e de forma terna e cúmplice para esta peculiaridade), o fundo repleto de japoneiras (que é como aqui se chama àquilo que na minha terra natal apenas é designado de "camélias") e o muro com aspeto de muralha castreja dizia-me que, por alguma razão, estava no quintal dos meus sogros, de onde se vê Braga por um canudo. Era uma couve já de mais de dois anos ou perto disso, de onde já se tinha tirado muita folha para sopa, para galinhas e coelhos, sem falar nos "netos" que são os rebentos que vão crescendo ao longo do longo do caule e com os quais se fazem um belo e bracarense arroz de netos (ao modo das sensaboronas couves de bruxelas, mas sem formar bolinhas). Ao ler os comentários do artigo, contudo, descobri muita gente a dizer que a fotografia não era uma couve galega. E o meu sangue começa a ferver perante disparates, sejam eles do foro político, estético, filosófico ou botânico. Aquilo é e sempre foi uma couve galega. Mas havia gente a dizer... imagine-se o absurdo, que era uma couve-lombarda! Aí apeteceu-me rebentar. Até que, entre os comentadores, alguém que assinou por "Zé das Couves" disse: "será que sou o único aqui a saber o que é uma couve-galega? Aquilo é uma couve-galega!". Muito agradecido fiquei ao Zé por tão preclara sabedoria. Fiquei a saber, depois, que a minha amadora fotografia foi uma segunda escolha do pessoal do Público. Ao que parece, puseram lá, em primeiro lugar, antes das críticas da acéfala multidão da internet, uma couve-lombarda belissimamente fotografada por um fotógrafo que ganha algum a disparar flashes, o que não é o meu caso. As minhas fotografias, boas ou más, são de toda a gente e toda a gente as pode utilizar para o que bem quiser sem me dar um centavo (já que vamos voltar aos dracmas é melhor readaptar a linguagem). As dos fotógrafos profissionais são protegidas por direitos de autor.  Pois, a couve-lombarda podia ser muito bonita, mas não era uma couve-galega. Os jornalistas, coitados, lá tiveram de recorrer à Wikipedia e, não tendo melhor, porque os fotógrafos profissionais não gostam de couves-ratinhas, lá tiveram de utilizar a minha soberba couve-galega-ratinha do quintal dos meus sogros, soberba não à conta do meu mérito de fotógrafo, mas à conta do seu mérito de resistente exemplar de esguia generosidade. Mas continuo orgulhoso. Ser segunda escolha não é de desprezar, quando somos a escolha acertada.

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publicado por Manuel Anastácio às 21:32
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