Lindo. Uma coisa que gostaria de escrever.
E sobre a qual gostaria de ver o Tomás Vasques a escrever.
"Modern Times", de Charles Chaplin - início.
- Por que escreve poesia em vez de... Romance?... Crônica... Ensaio...?!
- A poesia é sintética. Rápida. É o Big Mac da literatura. As crónicas, essas, já são um bife à café ou uma açorda à alentejana - é fácil de fazer, dá pouco trabalho, é água a ferver, coentros e alho... Um romance exige mais tempo. Muito lume brando.
- É por isso que os portugueses escrevem mais poesia que ficção?
- Poesia é ficção.
- É?
- É.
- É por isso que os portugueses escrevem mais poesia que prosa?
- Não acredito muito nisso. Acho que toda a literatura portuguesa é poesia. E a que não é, não presta.
- Cara: acha que é por isso que os portugueses escrevem mais poemas p'rá titia que romances p'rá vovó?
- Ah! Assim já estamos a falar a mesma língua. Não.
- Não?
- Não acho nada disso. Os portugueses - eu incluído - escrevemos poesia porque não temos tempo para escrever coisas que se pareçam com a verdade. A verdade, ou o seu simulacro, exige tempo. É artesanato. Pode não ser tão apreciado e valorizado quanto a arte, mas exige mais trabalho. Trabalho físico e intelectual, entenda-se. A arte socorre-se apenas da ideia de "génio". Enfim, coisa de preguiçosos. O artesanato tem um valor intríseco maior que a arte - ou, pelo menos, que grande parte da arte... Enfim, e em suma: os portugueses são quase todos escritores de nascença. Mas só podem ser poetas porque não têm vida para serem romancistas, nem ensaístas. Produzem coisas rápidas para serem digeridas com lentidão.
- Quanto demora digerir um hamburguer?
- Não sei. Depende do estômago.
- Quanto demora fazer um hamburguer?
- Não sei.
- Rápido?
- Não sei.
- Fico esclarecido quanto à sua ignorância.
- Fico feliz por ter sido útil.
- ...
- Já agora: quanto tempo leva a fazer um hamburguer?
- Qual?
O presidente interditou o espaço aéreo sobre a sua casa de férias. Tudo leva a crer que se deva a ameaças do anticiclone dos Açores.