Domingo, 31 de Março de 2013
A Bíblia, a série

A forma como a série “A Bíblia” tem sido apresentada pelos meios de comunicação em Portugal é bem elucidativa do nosso miserável provincianismo. Só porque um português faz de Jesus de Nazaré, empola-se logo a recetividade de um programa de televisão de baixa qualidade, que nem respeita a história factual, nem a história dita sagrada (que dá nome à série) nem as mais elementares regras do bom gosto. Cecil B. DeMille, o extravagante reinventor da Bíblia no cinema de Hollywood acrescentava os ingredientes que julgava mais sedutores (sexo, luxo e violência) ao esqueleto da narrativa bíblica e fez, à conta disso, clássicos de inegável envergadura no que diz respeito ao entretenimento. Ora, um filme bíblico é um produto de entretenimento. A teologia no cinema só funciona se renunciar à ortodoxia e ao gosto do público. Por isso, é perfeitamente natural que o melhor filme sobre Jesus Cristo, de um ponto de vista teológico, tenha sido, paradoxalmente, feito por um autor marxista cujo público é deveras limitado e “elitista”. Ora, “A Bíblia” é uma série que não é entretenimento, nem teologia nem provocação. Limita-se à sucessão de quadros mais ou menos referidos na Bíblia - mais ou menos, porque por vezes socorre-se da tradição para completar a cena e outras vezes reinventa a coisa para ficar mais dramática e falha redondamente. A evitar.

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publicado por Manuel Anastácio às 20:04
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Quarta-feira, 22 de Julho de 2009
Salmo I

Versão de pankuolong, com ocarina, de um tema de "Okuribito", da banda sonora composta por Joe Hisaishi.

 

Feliz o homem que não se aconselha com injustos,

Que não sustém o passo nas veredas de quem a si mesmo se nega,

Nem se senta na roda do riso indigno.

Por outra via, o seu caminho

Estende-se no sorriso justo de Deus

Sobre o qual medita, noite e dia.

É como árvore junto a água transbordante,

Dando fruto em hora certa

E de sempre verde folhagem.

Tudo o que faz, fá-lo,

Na certa medida das coisas justas.

Não assim os que caçoam do que é belo.

Não assim, mas como palha,

Seca, varrida pelo vento da eira deserta do mundo.

Por isso, chegada a hora,

Frente à verdade, curvar-se-ão, sob o peso da injustiça;

E os que agora se negam, serão negados,

Expulsos dos caminhos rasgados em bondade sob a sombra dos loureiros,

Seguindo pela estéril imensidão que dá ao nada.

 

Versão de Manuel Anastácio

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Sábado, 6 de Junho de 2009
Livro da Sabedoria IX - ou a identidade da Razão com o Espírito Santo

Nulla in Mundo Pax Sincera, de Antonio Vivaldi. Jane Edwards, soprano; Geoffrey Lancaster, cravo; Gerald Keuneman, violoncelo; arranjo de Edwards / David Hirschfelder. Vídeo inspirado nas esculturas luminosas de Julian Opie.

 

Deus dos nossos pais e Senhor de Misericórdia que tudo criaste através da Tua Palavra! Formaste o Homem para que, com a Tua sabedoria, fosse senhor das Tuas criaturas, para governar o mundo com santidade e justiça, e exercer o julgamento com rectidão de alma. Faz-me chegar a Sabedoria, ao Teu lado entronizada, e não me excluas da dignidade de ser Teu filho.

 

Teu escravo, filho da Tua escrava, homem fraco e efémero, sou incapaz de compreender e aplicar a Tua justiça. Mesmo o mais perfeito dos homens, sem a Sabedoria que de Ti provém, nada seria.  Fui escolhido por Ti para que governasse o Teu povo e julgasse os Teus filhos e as Tuas filhas. Mandaste-me construir um templo sobre o monte que santificaste, um altar na cidade em que acampaste, à imagem da habitação que preparaste desde o início. Ao Teu lado, a sabedoria conhece as Tuas obras e testemunhou a criação. Sabe o que agrada aos Teus olhos e o que e conforma aos teus mandamentos.

 

Recomenda-me, do teu trono de glória nos céus santificados com a Tua presença, à Sabedoria, para que me guie nos meus trabalhos e me ensine o que Te agrada. Ela tudo sabe, tudo compreende. Guiar-me-á em prudência nas minhas acções e proteger-me-á na luz da sua glória. Ser-Te-ão agradáveis, então, as minhas obras, o governo do Teu povo será justo e serei digno do trono de meu pai.

 

Quem conhecerá a vontade de Deus? Quem imaginará o seu desejo? Os pensamentos dos mortais são mesquinhos e o nosso raciocínio falha, porque a corrupção do corpo tem peso sobre a alma e a morada terrestre oprime com as suas preocupações o espírito e as idéias. A custo conheceremos o que está na terra, a custo chegamos ao que está ao alcance das nossas mãos. Mas quem descortinará o que aos nossos olhos o céu oculta? Quem compreenderá os teus planos, se não lhe deres, antes, a sabedoria que envias do alto com o teu espírito santo? Só assim se tornam rectos os caminhos de quem vive sobre a terra. Só assim aprenderam os homens o que te agrada. Salvos por meio da tua sabedoria".

 

Em comentário ao meu comentário à minha versão do capítulo III do Primeiro Livro dos Reis, a Maria Helena citou o capítulo IX do Livro da Sabedoria, atribuído, segundo a tradição, a Salomão, correspondendo, de certa forma, ao seu pedido de sabedoria referido na passagem bíblica anterior e ao seu correspondente elogio. Tal como a Maria Helena, concordo com o facto de o Antigo (e o Novo) Testamento constituírem peças fundamentais para compreendermos a forma como compreendemos o Mundo. Eu não tenho, pessoalmente, fé numa providência divina, mas acredito (logo, tenho fé) que a sabedoria é transcendente ao homem, é independente dos seus interesses passageiros e individuais, e que só é sabedoria se se identificar com a bondade, com o Amor, com a tolerância e com a justiça. Podemos considerar que Deus é isso apenas (e já seria tanto) ou ser mais, e ter uma existência pessoal (o que, na minha concepção, porventura limitada, apenas o limitaria, logo, o mais seria menos). Mas há um fundo comum onde até os ateus ocidentais deveriam estar de acordo. Diria mesmo que, nos tempos que correm, vejo mais esta capacidade para receber a sabedoria que vem do alto entre muitos daqueles que não acreditam de forma confessa em Deus do que em muitos cujos olhos ficam raiados de ódio sempre que alguém diz que é ateu ou agnóstico. Tais crentes, na minha humilde opinião não confessional, estão muito afastados deste Deus entronizado ao lado da Razão e não são dignos de entrar no número dos seus filhos. Tais crentes julgam que acreditar numa só sabedoria, que desconhece a dúvida e o relativismo, é partilhar da luz que emana do lado direito de Deus. Ao ler este capítulo confirmo que o caminho da dúvida e da tolerância é o caminho recto e o caminho da justiça. Este texto esclarece que a sabedoria de Deus não está consagrada nas leis nem nos mandamentos, mas que só a iluminação por parte da sabedoria transcendente poderá dar sentido às leis e aos mandamentos. Quem segue os textos sagrados na sua literalidade ou através de interpretações dogmáticas quer fixar a sabedoria num suporte legível como um catecismo. Mas neste texto leio que nada será compreendido sem que a sabedoria ilumine directamente aquele que quer compreender. Sendo Deus Amor, não duvido, tenho fé, de que essa luz que envolve a razão traz sempre consigo um sorriso de apoio ou uma lágrima de compaixão e nunca, nunca, a presunção dos moralismos que se querem aplicar, indistintamente, aos outros.

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publicado por Manuel Anastácio às 17:27
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Sexta-feira, 5 de Junho de 2009
Primeiro Livro dos Reis III - ou a definição da Justiça

Julgamento de Salomão. Igreja dos Peregrinos de Frauenberg na Estíria, Áustria, fresco do tecto da reitoria. Autor desconhecido. Século XVII.

 

Salomão, ao casar-se com a filha do Faraó do Egipto, tornou-se seu genro e levou-a para a Cidade de David, onde estava a construir o seu palácio, o Templo de Jeová e as muralhas de Jerusalém. Nesse tempo, o povo oferecia sacrifícios nos lugares mais altos, já que ainda não tinha sido contruído o Templo em honra do nome de Jeová. Salomão, fiel aos preceitos de seu pai, amava Jeová e oferecia-Lhe sacrifícios e incenso nos lugares mais altos.

 

Sendo rei, foi a Gabaon, de todos os lugares altos, o mais importante de todos, para oferecer sacrifícios. Foram mil os sacrifícios oferecidos por Salomão nesse lugar.  E foi em Gabaon, em hora nocturna, que Jeová apareceu em sonhos a Salomão. E Deus disse-lhe: "Pede. Diz-Me o que queres". Salomão respondeu: "Demonstraste grande afeição pelo teu escravo de nome David, meu pai, porque, sob o Teu olhar, caminhou fiel, justo e recto no seu coração de acordo com a tua vontade. Em resposta a tal sinceridade, deste-lhe este filho, que agora está sentado no mesmo trono. Foste tu, Jeová, meu Deus, que fizeste rei este Teu escravo, no lugar de David, meu pai. Sou muito jovem e não sei como governar. Teu escravo, vejo-me entre o povo que escolheste, numeroso e incalculável, de tal modo é esmagora a sua dimensão. Peço que me ensines a ouvir, para que saiba governar o povo que é Teu, e para que saiba distinguir o bem do mal. Caso contrário, como poderá alguém governar tantas almas?". Ficou o Senhor satisfeito com tal pedido. E disse-lhe: "Pediste isso. Não pediste para viver mais, nem para ter mais, nem a morte de quem se te opusesse. Apenas pediste discernimento para ouvir e, assim, julgar em sabedoria. E ser-te-á concedido. Dar-te-ei uma mente plena de sabedoria e perfeição no raciocínio, tal como nunca ninguém teve antes de ti ou terá depois. Dou-te também o que não pediste: riqueza e glória inigualáveis entre todos os reis que alguma vez contigo se quiserem comparar, para toda a tua vida. E, dependente da observação que fizeres dos meus mandamentos e estatutos, tal como fez David, teu pai, conceder-te-ei a longevidade que não pediste". Salomão, acordando, apercebeu-se de que tinha sido um sonho. Seguiu para Jerusalém e postou-se diante da arca de Jeová. E ofereceu holocaustos, sacrifícios de comunhão e um banquete para todos os que o acompanhavam.

 

Duas prostitutas comparecerem diante do rei e disseram quem eram. Uma destas mulheres disse: "Meu senhor, tanto eu como esta que me acompanha moramos na mesma casa. Tive um filho. Três dias depois de ter dado à luz, também ela teve uma criança. Ninguém mais vive connosco. Estávamos sozinhas em casa. Algumas noites atrás, enquanto dormia, esta que me acompanha virou-se sobre o filho e sufocou-o até à morte. Apercebendo-se do que tinha feito, levantou-se, ainda noite dentro, pegou no meu filho e pô-lo a seu lado enquanto juntava o seu filho morto junto ao meu corpo. Ao acordar de manhã, querendo amamentar o meu filho, vi que estava morto. Olhando bem, contudo, vi que não era o filho que tinha dado à luz". A outra mulher, contudo, replicou: "É mentira! O meu filho vive. O que morreu foi o dela". Ao que a primeira contestou: "Não é verdade, o teu filho está morto, o meu está vivo", e entraram em altercação perante o rei. E o rei interrompeu-as: "Uma diz: 'o meu filho está vivo e o teu está morto' e a outra diz 'Mentira! o teu filho está morto e o meu está vivo'". E ordenou: "Tragam-me uma espada!". E trouxeram-lha. E o rei disse: "Cortai a criança em duas e dai metade a cada uma." A mãe da criança viva sentiu as entranhas a contorcerem-se de dor imediata e suplicou: "Meu senhor, dá a esta o menino inteiro e são, mas não o mates!". A outra, porém, foi clara dizendo "Não há-de ser teu nem meu. Dividam-no".  Ao que o rei sentenciou: "Dai a criança, viva, à primeira mulher. Não o mateis. É ela a sua mãe". E Israel soube deste julgamento. E Israel respeitou-o, pois viu que a sabedoria divina comandava a sua justiça.

Hoje, os reis (sejam monárquicos ou republicanos, perdoa-me lá, Luís Bonifácio, mas para mim venha o Diabo e escolha) não têm concentrado em si o poder judicial. Será bom, com certeza, que a justiça pertença às tábuas da mesma e não à mente de quem julga. Mas, quer queiramos quer não, passados cinco mil anos (só???), continuamos a precisar de alguém que, pensando como ser humano, cumpra as leis que por que os seres humanos anseiam. Em vez disso, temos tábuas insensíveis e meros executantes de algoritmos. A sabedoria matemática, porém, não resulta da simples aplicação das leis. Porém, não confiamos em ninguém. Todos são corruptos. Todos têm um preço. Todos se vendem. Todos têm mais que fazer que ouvir. Nem se pede que pensem muito. Apenas se pede que ouçam. Note-se no que Salomão pediu em primeiro lugar: discernimento para ouvir. Não pediu discernimento para julgar. Para ouvir. Ouvir. Eu sei que custa ouvir. Eu sei. Cortam-se-me as entranhas quando ouço alguns dos meus alunos, na sua infantil e manipulativa maldade, a tentarem convencer as minhas entranhas a responderem à afeição que não me dedicam. Custa ouvir. Por vezes é preciso ignorar o que se ouve, mas tal só se deve fazer depois de ouvir. Hoje, vejo-me entre um povo que diz hossana a um rei que não ouve, que foge pelas traseiras, que brande a espada da insensibilidade sobre as cabeças de quem se atreve a dizer que o que ele diz é mentira. O Shark dizia há dias que precisamos de um Salomão. Eu preciso apenas de alguém que ouça. E depois julgue, governe, faça. Mas ouça.

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publicado por Manuel Anastácio às 00:01
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Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2009
Génesis I - ou a definição do belo

Gustave Doré, "Que se faça a luz".

 

Começou o Tempo, e Deus criou os céus e a Terra. A terra não tinha forma e estava vazia. A escuridão cobria a flor das águas e o abismo. E a respiração de Deus fazia tremer a superfície das águas.

 

E Deus disse: “Que se faça a luz.” E a luz fez-se. E, sentindo o belo  que havia na luz, separou-a das trevas. E chamou à luz, Dia, e Noite à Escuridão. E veio o crepúsculo e a aurora. E foi o primeiro dia.

 

E Deus continuou, dizendo: “Que se forme o firmamento, separando águas de águas.”  E Deus fundou, então, o firmamento entre as águas de baixo e as de cima. E assim foi.  E Deus chamou Céu ao firmamento. E veio o crepúsculo e a aurora. E foi o segundo dia.

 

E Deus , continuou, dizendo: “Que se juntem as águas abaixo dos céus num só lugar e desponte solo enxuto.” E assim se fez.  E ao solo chamou terra, e ao conjunto das águas chamou mar. E Deus teve agrado nisto. E Deus continou, dizendo: “Que do solo nasçam ervas, férteis verduras, árvores de fruto de cada espécie, cada uma com a sua semente, sobre a terra.” E assim se fez.  E da terra irrompeu a fertilidade de cada erva e cada semente, segundo a sua espécie, e árvores de fruto com semente, cada uma da sua espécie. E Deus viu que isso era belo. E veio o crepúsculo e a aurora. E foi o terceiro dia.

 

E Deus continuou, dizendo: “Que se fixem luzes no céu para que se distinga a noite do dia, e para que haja sinal de cada estação, dia e ano. E servirão de luz no firmamento, para que a Terra se ilumine.” E assim se fez. E Deus fez duas luzes maiores, a principal, dominando o dia, e a menor dominando a noite, tal como as estrelas.  E Deus as fixou no céu para que iluminem a Terra, comandem o dia e a noite, e para que façam distinção entre a luz e as trevas. Deus achou que isso era belo. E veio o crepúsculo e a aurora. E foi o quarto dia.

 

E Deus continuou, dizendo: “Que as águas se povoem de vida e que criaturas aladas cubram a face do firmamento sobre a terra.”  E Deus criou cetáceos e todos os seres que se movem nas águas, conforme a espécie de cada um, e todos os seres dotados de asas, conforme a espécie de cada um. E Deus pensou que tudo isto era belo.  E Deus os abençoou, dizendo: “Sede fecundos e multiplicai-vos, preenchei os espaços que a água encerra, e que se multipliquem os seres que voam sobre a terra.”  E veio o crepúsculo e a aurora. E foi o quinto dia.

 

 E Deus continuou, dizendo: “Que a terra se cubra de seres que respiram, cada um conforme à sua espécie, animais domésticos, animais que rastejam no solo, e animais selvagens, cada um conforme à sua espécie.” E assim se fez.  E Deus criou as feras terrestres, cada uma conforme à sua espécie, e cada animal doméstico conforme à sua espécie, e todos os animais que rastejam no solo, cada um conforme à sua espécie. E Deus agradou-se com a beleza.

 

E Deus continuou, dizendo: “Façamos o Homem à Nossa imagem e semelhança, de modo a sujeitar à sua vontade os peixes do mar, os seres alados do céu, os animais domésticos, os animais selvagens e todos os animais que rastejam sobre o solo.”  E Deus criou o Homem à sua imagem, à sua imagem o criou, homem e mulher.  E Deus abençoou-os dizendo: “Sede fecundos e multiplicai-vos, povoai a terra, e dominai os peixes do mar, os seres alados do céu, os animais domésticos, os animais selvagens e todos os animais que rastejam sobre o solo.” E Deus continuou, dizendo: “Vejam que vos entrego a vegetação fértil da terra, as árvores, os seus frutos e as sementes, e que isto vos sirva de alimento. E de alimento servirá também a verdura da vegetação a todos os animais selvagens, aos seres alados do céu, e a todos os seres que sobre a terra respiram.” E assim se fez. E Deus sentiu agrado na beleza da sua obra. E veio o crepúsculo e a aurora. E foi o sexto dia.

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publicado por Manuel Anastácio às 04:22
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