É um assunto pouco debatido, o do lugar da obscenidade na sala de aula. Seja enquanto situação ofensiva de caráter disciplinar, seja enquanto objeto pedagógico. Uma atividade proposta por um grupo de trabalho do Programa Regional de Educação Sexual em Saúde Escolar propunha que os alunos fizessem uma lista de palavrões. E os professores, escandalizados, ergueram as mãos aos céus. E com alguma razão. Bem podiam chover-lhe processos judiciais em cima à conta disso. Mas o palavrão só é obsceno porque as pessoas o proíbem. A obscenidade é a direta consequência da proibição.
Como professor de Ciências, há dias, os alunos tiveram de recolher saliva para estudarem o seu efeito sobre o amido. Os alunos, entre o nojo e o choque da exposição de um ato simples, feito em plenas condições de higiene, assumindo-o como obsceno, rapidamente se libertaram do efeito inicial e aos risos escarninhos rapidamente se sucedeu a indiferença profissional de quem escreve objetivamente sobre um mero fenómeno da Natureza.
Fica a nota para que conste. Se alguém me lesse (tirando as 4 ou 5 pessoas do costume), poderia ser útil.