"Rosas", roubadas ao Joaquim Alves, que foi, até hoje, a única pessoa a dedicar-me um poema. Retribuo hoje o gesto.
Disse-me que os sonhos são daltónicos
não sei
se
por causa da cor
que não têm
se por causa
das cores que têm
e que eles
eles não
mas nós sim
vêem
ou não
porque alguns versos são daltónicos
a falta de vírgulas compromete
a absorção
e decodificação
de alguns comprimentos de onda
Disse-me que os sonhos são daltónicos
e que isso é evidente
e-vidente
talvez sejam visões
virtuais
talvez
não
ponto final
Disse-me que há que sonhar
até ao suspiro final
todos os dias
há
então
que
tomar nas mãos o barro
e deixá-lo cozer no fogo descolorido
dos sonhos
condensados em eternidade
no fundo
da púcara
do espanto
que reflecte as estrelas
Ainda bem que vocês são tão Atlânticos, pelo menos nos livrou de uma colonização espanhola, ou inglesa. Foi o fascínio pelo Atlântico, daí terem chegado antes. Que bom! Eu pessoalmente detestaria ter certas características dos vizinhos (ex: Venezuela, Bolívia) oriundas dos espanhóis. Mas, deixa para lá, não vale a pena polemizar, quando já há tantas no mundo. Deixa a coisa em nível pessoal, gosto muito da minha mistura, família materna portuguesa, família paterna grega, nostalgia e tragédia. Não deixa de ser uma bela mistura: Camões e Homero! Depois disto, resta grafar o nome completo.
Gerana Costa Damulakis
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