Ainda com os monstros e as flores dos Jerónimos na retina (e abençoada seja a máquina digital que revela pormenores na pedra lavrada que os olhos ainda ofuscados da luz exterior não conseguem discernir na escuridão da igreja), descubro que fui inscrito entre as retortas alquímicas de um
blog de poesia que me impressionou pelos seus pormenores preciosos feitos de referências de pura e perfeita escuridão. Porque é a escuridão que define a luz, como bem ilustrou o
Paulo Brabo no seu espantoso conto,
Sesulis - como é hábito, a dar uma piscadela de olho a Jorge Luís Borges.
E tudo isto quando estava a ganhar coragem para pegar, finalmente, nas obras de Fulcanelli. Eu sou, de facto, um adepto da alquimia. Não da Alquimia folclórica, mas aquela que procura a pureza da verdade através dos sinais obscuros que nos raptam em direcção à transcendência. Não sei se pareço demasiado pretensioso com esta treta toda, mas não o consigo dizer de outra forma. Como o autor deste monstro, agachado num canto, na Igreja do Mosteiro dos Jerónimos, olhando com ar fero, mas também assustado, para o túmulo de Camões, há coisas que não conseguiremos dizer a não ser pela expressão dos monstros, por vezes belos, que nos velam o sono, os sonhos e o acordar de cada metamorfose.