De
Artur a 16 de Outubro de 2006 às 09:50
Agora podem obscurecer, mas as iconografias religiosas formam todo um alfabeto visual que nos velhos tempos antes das agruras da alfabetização transmitiam eficientemente a mensagem mítica da igreja e das vidas dos santos. O nosso pendor pelo alfabetismo fez-nos perder a compreensão pelas mensagens visuais inscritas na própria arquitectura das igrejas. O que hoje só os historiadores de arte mais ferrenhos conseguem decifrar era há séculos perfeitamente compreendido por camponeses analfabetos.
Isso faz-me lembrar as "Bíblias dos pobres" que eram compostas por imagens, supostamente porque os pobres não sabiam ler... Mas, de facto, quem posssuía tais Bíblias dificilmente se poderia chamar... pobre...
De
Artur a 16 de Outubro de 2006 às 22:29
Nada disso. Não se trata de condescedência - trata-se da transmissão dos mitos através de códigos iconográficos bem definidos. Há um livro fabuloso sobre o assunto - signs and symbols in christian art, se não me falha a memória.
De
Filipe a 16 de Outubro de 2006 às 10:16
Devo dizer em primeiro lugar que sou católico, e em segundo lugar que o quer que eu consiga dizer num comentário dum post, de certeza que não exprime os sentimentos associados à questão de fundo.
No post que citas, fiz um comentário acerca da alegria, após a paixão, essa alegria que acho que um católico deve sentir pela ressurreição, e reconheço que muitos católicos fixam residência na Sexta feira santa, não chegam ao Domingo de Páscoa.
A visão da Igreja de hoje, que já passou pelas cruzadas e pela inquisição, continua a ser uma Igreja em crescimento. A Igreja continua a ser feita por homens, homens com qualidades e com defeitos, intrínsecos à qualidade humana.
Mesmo hoje existem várias vivências dentro da Igreja, sugiro –te duas, de fácil acesso, Frei Bento Domingues que escreve no publico aos Domingo e também nesse dia Anselmo Borges no Diário de Notícia. São exemplos, que vão além do aspecto ritualista em que muitos católicos vivem, e que dás exemplo neste post
Já conheço o Frei Bento Domingues e concordo contigo. De modo algum o meu post se refere aos católicos em geral, mas a uma (infelizmente) boa parte deles.
De Maria Helena a 16 de Outubro de 2006 às 11:37
Gosto tanto do post como dos comentários :)
Todavia, acrescento-lhe que sou católica e que nas inúmeras "razões" que encontro na minha devoção a Maria também está a "cumplicidade" de Ela conhecer a ingratidão de um filho...
De
D'Noronha a 16 de Outubro de 2006 às 16:25
Um amigo jornalista, ao questionar o arcebispo daqui da região sobre o porquê de tantas imagens na religião católica, ouviu a seguinte resposta:
"O povo não tem capacidade de abstração. É necessário criar imagens tanto de deus quanto de santos para que se acredite em algo invisível."
E os muçulmanos? Está certo que também procuram e criam outras imagens abstractas... Mas é motivo para reflectir na natureza das religiões iconoclastas.
De
Artur a 16 de Outubro de 2006 às 22:31
E, claro, os protestantes com a sua ética do trabalho e notória prosperidade erigiam igrejas e catedrais despojadas de elementos decorativos, e alfabetizaram-se para ler a bíblia.
Dizer de sua justiça