De
viajante a 27 de Setembro de 2006 às 19:02
tenho reparado, aqui e alí, na presença dessas construções castrejas, de que a de Briteiros, por força das minhas origens, é necessariamente a primeira. porém está descontextualizada, por falta de continuidade histórica até hoje. e, sendo assim, fica à mercê da imaginação dos arqueólogos. sem mencionar mais, quero falar-lhe da pequena capela que existe nas Termas de S. Pedro do Sul, junto ao complexo balneo-religioso romano. é uma capela feita sobre ruínas de pequenos templos anteriores. a construção mais antiga está representada por várias pedras, uma delas embutida naquilo que agora constitui a cabeceira exterior da capela. à qual não há como roubar-lhe a sua proveniência castreja nemnegar-lhe o paralelo com Briteiros.
a questão é esta: os castros são povoados, vivia neles gente, famílias, clãs, talvez uma tribo inteira. a que corresponde uma religião, um culto, uma crença, uma cosmogonia, uma visão do mundo. os trísceles e suásticas são um aspecto simbólico dessa religião ou dessa cosmogonia. mas onde tinham os castrejos os seus rituais, os seus marca-passos sezonais, as suas cerimonias que os re-ligasse, a sua relação formal com o divino? onde estão, simplesmente, os templos castrejos?
a mim nunca ninguém me falou neles, nem de boca nem de livro.
mas eu penso que estão precisamente aí, nessas capelinhas minúsculas, ao fundo dos povoados castrejos, perto de linhas de água.
se me permite, vou fazer deste comentário um post.
obrigado por me ter feito relembrar o assunto.
um grande abraço
Abraço. Já valeu a pena fazer o post! :)
De
Jo Lorib a 28 de Setembro de 2006 às 04:23
Estas figuras rotatórias, centrifugas, me lembraram de imediato o antigo culto associado pelos gregos a Hesta e Hermes, esta a deusa do centro, associada ao fogo no interior das casas, à permanência; esta deusa era relacionada a Hermes , o movimento, sempre girando ao redor da casa, do mundo. Não me surorende que o simbolo esteja associado ao dito ''forno'' como centro desse circulo.
De facto, o forno é na cabeceira - ou extremidade da construção.
De José Eduardo Lopes a 28 de Setembro de 2006 às 22:50
Caro Manuel Anastácio:
Achei interessante este post sobre a Citânia de Briteiros, que pude visitar há uns cinco anos, mas que qualquer pessoa pode visitar virtualmente (http://citania.csarmento.uminho.pt/). Além dos símbolos gravados, achei curioso a dita Casa do Conselho, uma casa grande circular onde se supõe que se sentavam os anciãos ou chefes de clã. Este edifício está quase encostado à muralha poente e a sua porta abre-se grosso modo sobre o ponto do ocaso (deve ter tido também uma função religiosa ou sacerdotal). Este tipo de poder colegial dentro de um edifício circular fez-me lembrar o símbolo, poderoso, da Távola Redonda.
Sim, é um dos pontos obrigatórios do percurso e um dos que mais impressiona os visitantes. Dá gosto ficar ali sentado, debaixo daquele pinheiro enorme, olhando os campos em baixo. Com certeza que os tempos foram outros, talvez com uma fogueira ao centro, quem sabe?
De
Artur a 29 de Setembro de 2006 às 12:41
Infelizmente a história recente deu má fama às suásticas, mas se não me falha a mitologia hindu a coisa é mais ou menos para simbolizar a construção e a destruição - dois processos que lado a lado fazem andar a história e as coisas do mundo - porque inovar é destruir o antigo.
Dizer de sua justiça