Rosto em mosaico, ConímbrigaNão sei quem tem tempo.
Não sei se há tempo.
É por isso que procuro na Arte a fresca ilusão de que o tempo nada é perante o que é importante.
Não sei quem tem tempo.
Eu não tenho.
Não caberia nos meus bolsos, mesmo que não existisse.
O vendaval de madrugada trouxe consigo as primeiras bátegas de outono.
Mesmo defronte de casa, o terreiro vazio. O meu bloco de notas, igual. Sem tempo.
O vendaval de madrugada trouxe consigo o recado de dizer algo.
Parece que urge dizer algo.
Nem que seja que não há tempo.
Não há.
E não haver corta cerce o poder.
O vendaval de madrugada acordou os caracóis da sua seca letargia. Já começaram a subir paredes e a pintar vias lácteas de brilho viscoso. Não há tempo. É Outono.