Quinta-feira, 21 de Setembro de 2006
Sem tempo

Rosto em mosaico, Conímbriga

Não sei quem tem tempo.
Não sei se há tempo.
É por isso que procuro na Arte a fresca ilusão de que o tempo nada é perante o que é importante.
Não sei quem tem tempo.
Eu não tenho.
Não caberia nos meus bolsos, mesmo que não existisse.

O vendaval de madrugada trouxe consigo as primeiras bátegas de outono.

Mesmo defronte de casa, o terreiro vazio. O meu bloco de notas, igual. Sem tempo.

O vendaval de madrugada trouxe consigo o recado de dizer algo.

Parece que urge dizer algo.

Nem que seja que não há tempo.
Não há.
E não haver corta cerce o poder.

O vendaval de madrugada acordou os caracóis da sua seca letargia. Já começaram a subir paredes e a pintar vias lácteas de brilho viscoso. Não há tempo. É Outono.
publicado por Manuel Anastácio às 20:34
link do post | Dizer de sua justiça | Adicionar aos favoritos
6 comentários:
De Maria Helena a 26 de Setembro de 2006 às 07:56
Completamente de acordo.

Com uma agravante: Raramente resisto à defesa entusiasta do "inútil" :)
De Manuel Anastácio a 26 de Setembro de 2006 às 22:48
Está na altura, pois, de escrever uma apologia da inutilidade...

Dizer de sua justiça

.pesquisar