Sexta-feira, 28 de Julho de 2006
Buscas pedidas - "tony carreira - mesmo que seja mentira - letra"

Fotografia da Fonte luminosa Hakusanpark, em Niigata (prefeitura de Niigata, Japão) por Aney, 7 de Outubro de 2005, foto em GFDL

Um dos divertimentos frequentes entre quem tem um blog é espiolhar o que procuravam os seus frequentadores quando aí caíram, armadilhados pelos resultados do Google. Digo armadilhados porque raramente encontram num blog aquilo que procuram, a não ser que o blog seja do tipo informativo. Claro que quem procura algo sobre plantas no Dias com árvores ou no Amador da Natureza sairá, provavelmente, satisfeito, mas se pararem por aqui, engodados por nomes científicos, serão apenas brindados com poemas obscuros do meu herbário. De facto, tenho muita coisa escrita que poderia agradar a estes frequentadores, mas tenho o hábito de fazer, como Bachelard, a divisão entre o mundo nocturno e o mundo diurno. Tudo o que escrevo de  supostamente objectivo e informativo (que é, em geral, aquilo que se procura num motor de busca), deixo no mundo diurno, a Wikipédia. Insiro o meu contributo na grande vaga anónima da produção e divulgação de conhecimento. Pouco me importa se os créditos se esbatem. Mas se vejo alguns dos artigos que escrevi para a Wikipédia utilizados noutros sítios da Internet, não nego que me sinto orgulhoso, bastando-me ver, no fundo da página "Fonte: Wikipédia - texto em GFDL". Quando fiquei furioso com a brincadeira de mau gosto do Ivan (o Bando) do Begueiro, que pretendia provar como o sistema Wikipédia é frágil (como se fosse preciso provar algo de tão óbvio), escreveu-me ele:

Nunca foi meu interesse denegrir a imagem da wikipedia perante os seus utilizadores, mas apenas mostrar a meia dúzia de pessoas como é relativamente fácil inserir artigos na mesma. sinceramente, pensei que palavras como "begueiro" "pica da refer" e "pantufada" nunca fossem motivo de pesquisa de algum utilizador e que os artigos seriam esquecidos em caves poeirentas...

claro que, para mim, este género de brincadeira é inadmissível. Mas o Ivan teve o bom gosto de parar de fazer publicidade ao seu feito no citado blog, retirando o post da polémica. E descobriu, espero, que os seus artigos piadéticos foram devidamente varridos da Wikipédia que, graças aos utilizadores, é tudo menos uma cave poeirenta. Há por lá muita coisa podre, não o nego - vejam o excelente artigo da New Yorker para compreenderem as virtudes e os defeitos da Wikipédia - mas poeirenta... duvido... Ora, o Ivan dizia ainda que "o esforço de várias pessoas em criar uma"utopia" podia ser melhor utilizado em artigos em revistas de várias especialidades ou outro tipo de publicações, como blogs, etc.". Esta frase do Ivan mostra bem como desconhece os reais objectivos da Wikipédia. As revistas de várias especialidades são óptimas, mas onde é que a Utopia entra? E num blog? Simples, não entra. São esforços individuais, legítimos e necessários, mas com objectivos claramente diversos dos da Wikipédia: providenciar livre acesso e distribuição a conteúdos e à sua correcção por todos, em busca de uma formulação não dirigida por pressupostos parciais de nível ideológico, religioso ou outro. Enfim, tudo isto para dizer que a minha fé nesse projecto é suficiente para nele continuar a escrever tudo o que seja puramente divulgação e informação. É nele que deposito a minha "obra diurna" e assim sempre o farei a não ser que alguém me encomende uma qualquer obra de divulgação e me pague devidamente.

Contudo, o meu mundo nocturno não tem lugar na Wikipédia. É o meu mundo parcial, motivado pelos meus gostos, pelas minhas ideias, pelas minhas preocupações, pelos meus sonhos e afectos... Um comentarista dizia, há alguns posts atrás, que este blog era "tão «letras»! Tão váculo que até repele. Mas não se preocupe, está em boa companhia com o resto do país e das suas elites..." - ora, não sei o que este senhor pretendia, ao certo, dizer com "váculo" ou com "letras". Mas queria dizer, com certeza, que o meu lado nocturno em nada o encantava. Está certo. Mas se, por outro lado, pretendia dizer que não faço nada de útil (isto é, se pretendia expandir para a minha pessoa a vácua inutilidade do meu blog), é porque desconhecia que, por exemplo, me dediquei várias horas a escrever sobre afídeos, sobre orcas e poinsétias.  Que me dediquei à divulgação da história de Portugal escrevendo sobre Censura em Portugal, sobre o Estilo manuelino e Gil Vicente. Que escrevi (e semi-traduzi) artigos que me parecem bastante potáveis sobre sistemas de datação, sobre Cinema Western, além de biografias como as de Dante Alighieri, Charles Dickens, Molière, William Butler Yeats, Eusébio de Cesareia e Franz Schubert, entre outras centenas de artigos onde contribuí como pude. Todos estes temas, um tanto ao quanto díspares, exigiram-me várias horas de consulta e de escrita. E, tanto quanto me parece, o facto de ter depositado estes textos na Wikipédia só os valorizou pelas melhorias que receberam posteriormente e que não seriam efectuadas se estivessem apenas neste blog. Se não tenho grandes presunções quanto às elocubrações nocturnas que aqui semeio, acredito que cada contribuição minha na Wikipédia tem um inegável poder germinativo. Sempre vi o projecto como semente e nunca como fruto. É isso que os detractores da Wikipédia não compreendem quando discursam antolhados pelas portas abertas do projecto.

Entretanto, sempre que vejo que alguém aqui caiu de pára-quedas, empurrado pelo Google, e saiu de mãos a abanar, fico sempre com alguma pena da pessoa. Mesmo que a pessoa tenha entrado à procura de algo que não é, de forma alguma, suposto encontrar aqui. Também antevejo como interessante a reflexão sobre o motivo que terá levado alguém a escrever na barra de busca "Manuel Anastácio assassinos"... Será que existe algum assassino com o meu nome? Credo!...

Mas, para começar, vamos lá dar ao povo o que ele pede. O meu blog aparece (hoje) em sexto lugar nas buscas do Google para "tony carreira - mesmo que seja mentira - letra"... Ora bem, isso é fácil. Não vou comentar o valor poético da letra desta canção (que por estranha coincidência, estava a passar há pouco na SIC), mas não me custa nada copiá-la para gáudio do próximo frequentador que aqui chegar por engano:

Não
Não me digas que pensas em partir
Não
Não me fales no adeus, em te perder
Sim
Não te importes até de me mentir
Eu prefiro me iludir
Do que sofrer

Não
Não me digas que p´ra ti acabou
Não
Não me fales que há outro p´ra quem vais
Sim
Faz de conta que eu sou quem já não sou
Deixa-me ao menos sonhar
 
Um pouco mais
Diz-me que nao sais da minha vida
Mesmo que seja mentira
Mesmo que seja por dó de mim
Diz-me tudo menos a verdade
Talvez um dia mais tarde
Mas por enquanto é melhor assim
Por isso mente-me até ao fim
 
Não
Não me faças já sofrer esta dor
Não
Continua a fingir que nada foi
Sim
Por aquilo que a gente já passou
Deixa-me ao menos sonhar
Vai só depois
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publicado por Manuel Anastácio às 16:47
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De André Esteves a 28 de Julho de 2006 às 18:17
Prontos! Anástácio.. Desculpa!!
Eu sou um falso polémico e um provocador!!

Mas o site continua muito letras... ;)

É o custo de nascer em Portugal.
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