Sábado, 6 de Julho de 2013
LXXVII

Há coisas de tal modo evidentes que não me ocorre senão pensar que o povo português, tão crente nas virtudes dos sacrifícios bestiais e demoníacos, à moda dos pastorinhos e da Senhora da azinheira, como crente na teoria de que a crise se deve aos bifes que andámos a comer a mais, só pode ser um povo de retardados mentais. Todos aqueles que acreditam que o resgate nos veio resgatar de alguma coisa e que a austeridade tem de ser e tem de continuar porque não há dinheiro (dizem eles,  repetindo a cassete: "eu também não gosto da austeridade, mas tem de ser, blá, blá, blá"), são os mesmos que apoiam os cortes na cultura, esse sorvedouro do dinheiro dos contribuintes para financiar os delírios duns gajos e de umas gajas de costumes fáceis e sem moral, que se autodesignam de artistas. Acontece que esses delírios dão lucro, dão receita. Há retorno. Nos resgates do FMI temos, de retorno, um abismo cada vez mais fundo, tanto nas contas do estado como na vida e dignidade de quase todos, para lucro de quase nenhuns. Isso devia ser evidente. Mas não é. O meu povo prefere acender velas à mensageira do advento neoliberal1. Falo da Merkel ou da gaja da azinheira? Das duas.

 

Peço desculpa antecipada a todos os crentes das ditas Senhoras, mas as árvores conhecem-se pelos frutos e destas azinheiras, só vi bolota bichosa e podre que nem aos porcos aproveita.
 

 

1. Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas, por fim o meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz. (2.º segredo de Fátima: façam bom proveito deste tempo de paz, que até a senhora diz apenas "algum").

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publicado por Manuel Anastácio às 00:35
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