Francisco José Viegas indigna-se com a expressão "essa gente" usada por Sócrates. E indigna-se bem. A expressão é insultuosa. Mas é muito frequente na boca do povo que sustenta as mentiras e "embustes" deste governo... "Essa gente", os romenos, essa gente, os vadios que viviam do RSI, essa gente, que não tem onde cair morto, essa gente que faz abortos como se fosse um desporto, essa gente que dá o cu por dois tostões, essa gente. Não pertenço a essa gente que idolatra Sócrates. Detesto Sócrates até à medula, Sócrates, o João Batista que veio aplanar o terreno para Coelho, um Messias menos carismático que o Batista, menos elegante que o Batista, mas de longe mais capaz de fazer o milagre da multiplicação das chagas e dos leprosos... Essa gente. Perguntaram, provavelmente, ao novo papa, a quem queria lavar os pés. Ele podia ser realmente politicamente correto, como tem vindo a ser, e dizer: sorteiem alguém, é indiferente - e isso seria um ato belo. Mais belo seria perguntar se alguém lhe quereria lavar os pés. Encheria, com certeza, o escolhido, de uma felicidade imensa, ao mesmo tempo que assumiria que não é digno de imitar a Cristo e imitaria, pelo contrário, o supostamente primeiro bispo de Roma, que terá sido crucificado de pernas para o ar por não se sentir digno de morrer como o seu Senhor. Mas não, escolheu alguém dessa gente que não lembraria ao diabo, reclusos, mulheres(!), muçulmanos... num extremo de humildade... o povo católico comoveu-se com um ato que só serviu para reafirmar que essa gente é... essa gente. Se fossem tratados como gente, o senhor não lhes teria lavado os pés. Isso diz muito sobre essa gente.