Segunda-feira, 14 de Maio de 2012
Apocalipsezinho

O anjo portador de espadas proféticas

em chama,

levou-me às descentes passagens de luz e perfume.

Trouxe-me uma brasa incandescente

e inflamou-me as águas secretas com a dor grave do seu lume.

O anjo portador de espadas proféticas

em chama,

ergueu a mão direita e disse, ai, do mundo

porque em ti não resta um pedaço de chão onde lavrar.

Ai do mundo porque te rejeita a ânsia que Deus,

em fúria, em ti deixou ficar.

Ai, e quebrou na minha fronte as tiaras do poder

E disse, ai do mundo,

que em ti, não se quis abrigar. E eu disse:

Quem sou eu para salvar o mundo?

E o anjo disse:

Ai de ti, que não sabes

O bem que o mundo faz em te desprezar.

E eu, inflamado,

Deixei-me queimar.

publicado por Manuel Anastácio às 20:41
link do post | Dizer de sua justiça | Adicionar aos favoritos
4 comentários:
De glaucia lemos a 16 de Maio de 2012 às 21:54
Gosto muito do ritmo deste poema. Acho o fecho perfeito. Não me atrevo a uma interpretação porque poesia não existe mesmo para ser interpretada, sim para ser sentida e tocar a sensibilidade de quem a põe exposta aos poetas e aos bons poetas como é o caso. Eu teria uma interpretação mas de tanto q é pessoal, não a ousaria expressar, e até já me esqueci convenientemente de qual tenha sido. risos . Importa é q este poema pequeno na forma é grande de conteúdo e de expressão. E conta sim um episódio, muito além de anjos e de espadas poéticas. risadas . E viva o poeta que se deixou queimar!
De Manuel Anastácio a 17 de Maio de 2012 às 00:15
Gostaria de ouvir a interpretação pessoal. Um poema é de quem o interpreta (sentir também é interpretar), não de quem o escreve.

Nota: quem escreve também interpreta.
De glaucia lemos a 17 de Maio de 2012 às 01:43
Manuel, eu gostaria muito de q vc não me pedisse para dizer a interpretação q me ocorreu apenas num relance. Só por ser uma coisa invasiva de minha parte. Desses pensamentos q passam como um flash. E certamente foi associada à imagem da gueixa q ilustra o texto. O poema é metafórico, e é sabido q Freud associa a imagem da espada ao falo.
A ideia imediata é de q o episódio metaforizado seria referente a alguém que se teria divertido com uma gueixa. É uma ideia bandida. Agora vc tem direito de ficar zangado comigo q não tenho nada q pensar tal coisa. Preferia não ter dito, mas você pediu... Acho q agora perdi você. Se puder, me perdoe.
De Manuel Anastácio a 17 de Maio de 2012 às 02:50
Bem, a gueixa está lá apenas por causa de um pormenor que revelarei mais tarde, na altura devida.Quanto à sua interpretação, nada bandida, apenas revela o quanto a poesia é sugestiva. Mas confesso que a espada, se é símbolo fálico, já o é na Bíblia, sendo posta nas mãos dos anjos... isso dava pano para mangas... e já devia estar a dormir... Jinhocas

Dizer de sua justiça

.pesquisar