O anjo portador de espadas proféticas
em chama,
levou-me às descentes passagens de luz e perfume.
Trouxe-me uma brasa incandescente
e inflamou-me as águas secretas com a dor grave do seu lume.
O anjo portador de espadas proféticas
em chama,
ergueu a mão direita e disse, ai, do mundo
porque em ti não resta um pedaço de chão onde lavrar.
Ai do mundo porque te rejeita a ânsia que Deus,
em fúria, em ti deixou ficar.
Ai, e quebrou na minha fronte as tiaras do poder
E disse, ai do mundo,
que em ti, não se quis abrigar. E eu disse:
Quem sou eu para salvar o mundo?
E o anjo disse:
Ai de ti, que não sabes
O bem que o mundo faz em te desprezar.
E eu, inflamado,
Deixei-me queimar.
De glaucia lemos a 16 de Maio de 2012 às 21:54
Gosto muito do ritmo deste poema. Acho o fecho perfeito. Não me atrevo a uma interpretação porque poesia não existe mesmo para ser interpretada, sim para ser sentida e tocar a sensibilidade de quem a põe exposta aos poetas e aos bons poetas como é o caso. Eu teria uma interpretação mas de tanto q é pessoal, não a ousaria expressar, e até já me esqueci convenientemente de qual tenha sido. risos . Importa é q este poema pequeno na forma é grande de conteúdo e de expressão. E conta sim um episódio, muito além de anjos e de espadas poéticas. risadas . E viva o poeta que se deixou queimar!
Gostaria de ouvir a interpretação pessoal. Um poema é de quem o interpreta (sentir também é interpretar), não de quem o escreve.
Nota: quem escreve também interpreta.
De glaucia lemos a 17 de Maio de 2012 às 01:43
Manuel, eu gostaria muito de q vc não me pedisse para dizer a interpretação q me ocorreu apenas num relance. Só por ser uma coisa invasiva de minha parte. Desses pensamentos q passam como um flash. E certamente foi associada à imagem da gueixa q ilustra o texto. O poema é metafórico, e é sabido q Freud associa a imagem da espada ao falo.
A ideia imediata é de q o episódio metaforizado seria referente a alguém que se teria divertido com uma gueixa. É uma ideia bandida. Agora vc tem direito de ficar zangado comigo q não tenho nada q pensar tal coisa. Preferia não ter dito, mas você pediu... Acho q agora perdi você. Se puder, me perdoe.
Bem, a gueixa está lá apenas por causa de um pormenor que revelarei mais tarde, na altura devida.Quanto à sua interpretação, nada bandida, apenas revela o quanto a poesia é sugestiva. Mas confesso que a espada, se é símbolo fálico, já o é na Bíblia, sendo posta nas mãos dos anjos... isso dava pano para mangas... e já devia estar a dormir... Jinhocas
Dizer de sua justiça