Ergues sofrimento em aura de libertação,
Detestando cada passo que dás,
E que arriscas
Em rígida compostura de concentração.
Disciplinas os teus passos,
Com o metrónomo da castração.
Riscas, perfuras, afundas.
Verticalizas em ansiedade,
As vertigens mais profundas. Justificas
A digna escolha da tua prisão,
E, em verdade,
Dás-nos o espetáculo da tortura,
No teu verde vício de procura,
A que te submetes docemente, com ódio na garganta.
És o teu pior carrasco.
Por isso dizem que és bela e que és santa,
no teu porte de oferenda em sacrifício.
No inocente exercício de ser criança.É triste.
Mas resignei.
A partir de hoje abandono a presidência.
Não porque a não mereça,
Mas porque não me merecem a mim.
Ficai na vossa maledicência.
Passai o tempo como vos aprouver,
a matar, torturar, restringir.
O mundo é vosso.
Não meu. Resignei.
E como não merecem mais versos,
porque a poesia é para quem a merece,
e quem a merece não a lê...
Fodei-vos.
Ao menos, podem ter a sorte de ter prazer.
Ou talvez não.