Quinta-feira, 30 de Setembro de 2010
A mãe de Francisco Louçã, mais uma vez

Diz um tal de Sérgio, que bem poderia ser anónimo, que iria dar ao mesmo, a respeito das declarações de Francisco Louçã a sobre a nomeação da sua mãe como assessora parlamentar:

 

"Até acreditaria nessas justificações! O problema é que vi o que estava escrito no diário da República.

Publiquem o que lá está juntamente com esta defesa, e com o que a senhora irá auferir mensalmente!
Depois cada um tirará as suas conclusões sobre o discurso do Bloco da Esquerda da Treta!"

 

Por partes: em primeiro lugar, Louçã não se justifica, porque não tem nada para justificar. Por isso, depreende-se que este "leitor" não sabe ler. Se se não sabe ler um texto tão simples como o de Louçã, muito menos capacidade terá para saber ler o Diário da República, que ele afirma ter consultado. Ora, se consultou, ou é analfabeto e acreditou no que o seu vizinho do CDS lhe disse que lá estava escrito, ou não sabe interpretar um texto simples, ou consultou um Diário da República Falso ou, ainda, sabe que está a mentir e a alimentar uma calúnia.

 

O texto do Diário da República diz:

 

Despacho (extracto) n.º 5296/2010
Por despacho de 15 de Outubro de 2009 do presidente do Grupo
Parlamentar do Bloco de Esquerda:
Licenciada Noémia da Rocha Neves Anacleto Louçã — nomeada,
nos termos do n.º 6 do artigo 46.º da Lei de Organização e Funcionamento
dos Serviços da Assembleia da República, republicada pela Lei
n.º 28/2003, de 30 de Julho, para a categoria de assessora do Grupo
Parlamentar do Bloco de Esquerda, sem qualquer remuneração.
1 de Fevereiro de 2010. — A Secretária -Geral, Adelina Sá Carvalho.
203047263

 

Aqui, o texto do Diário da República que o senhor Sérgio não viu, não leu, não entendeu, ou com o qual não sonhou, porque sonhou com outro. O facto de circularem mentiras deste género sobre a Esquerdalha só me torna cada vez mais esquerdalha. Um dia destes assumo-me como Estalinista e mando este pessoal todo para a Sibéria. Fosca-se, que não há paciência. Não estou para mentirosos.

 

Hoje, em declarações à Rádio Santiago, de Guimarães, declarei que o Bloco de Esquerda tem fortes indícios de que a Câmara Municipal tem funcionários em situação  precária, utilizando estratégias ilegais de contratação. Ao dizer aquele " fortes indícios" já me pareceu, pessoalmente, que estava a esticar a verdade (deveria ter dito "suspeitas")... Mas fiquei justificado com as "certezas" do visto claramente visto desta gente.

 

La calunnia è un venticello, O Barbeiro de Sevilha, Robert Lloyd,
Schwetzingen Festival.

publicado por Manuel Anastácio às 20:57
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Terça-feira, 28 de Setembro de 2010
Pormenores: a casa dos plintos

Tirei estas fotografias de manhãzinha, pouco depois de o sol nascer, na estrada que vai de São Torcato a Garfe, numa laica peregrinação ao São Bentinho. Devo dizer que o dito santo não é das minhas preferências. Mas a manhã húmida do Minho, acompanhada das páginas de "A Cidade e as Serras", que ia lendo ao longo da estrada, merece destas caminhadas sem sentido de sacrifício, ainda que no dia seguinte não conseguisse dar um passo direito. Ao virar de um curva, ou de uma página do Eça, vai dar ao mesmo, encontrei esta casa (na verdade, o corpo central indiferenciado de um bloco de maiores dimensões) de gosto duvidoso, de blocos de granito com juntas de cimento, uma porta de madeira podre em cuja laje nascem polipódios separada de outras duas, de alumínio pintado de verde e dois registos de vidro nos dois terços superiores. Entre a primeira porta e as segundas, um banco de lajes de granito.

 

 

A casa tem uma varanda disposta num segundo socalco de cimento armado, mais largo em relação ao chão de terra batida onde já poderia ter existido um jardim de pequenas dimensões, antes do passeio, agora de cimento, marcado transversalmente a ferros, para cortar a monotonia cinzenta. Frente às portas, três cadeiras ferrugentas. No centro do pátio, o simulacro do que poderia ser uma árvore, mas que nunca o chegará a ser, envasada, porque o dono gostará de árvores pequenas, sem raízes que destruam a bela fachada do seu palácio. Junto ao passeio, três plintos de granito encimados por cubos do mesmo material assentes num dos vértices. No puxador da porta, o saco deixado pelo padeiro com os trigos da aurora. No murete que separa o pátio do jardim do vizinho, cuja casa mantém o mesmo registo de fachada, mais três plintos - os das pontas, junto à parede e junto ao passeio, com esferas, o do centro com uma pequena laje facetada em pirâmide atarracada.

 

Resgardada, em relação ao passeio por estas peças de evidente significado alquímico, logo depois do primeiro socalco de quem vem de São Torcato pelo lado metafórico de Giães, deparamo-nos com uma face grosseira de granito com alguns remendos de cimento.

 

 

O remendo parece dar-lhe alguma antiguidade, mas as feições, ainda de arestas puras na zona da boca deixa lugar à dúvida. Aquele pequeno moai deslocado parece ter saído de alguma cachorrada, de alguma igreja ou capela. Quem encontrou o modilhão teve, ao menos, a decência de, ao integrá-la  no seu sistema estético neo-cubista, deixá-lo serenamente a vigiar os passos dos peregrinos. Nada mais sei desta personagem. Um dia destes saio de novo ao caminho, em direcção ao vinho verde tinto de São Torcato e pegarei conversa com os frequentadores das cadeiras ferrugentas. Um dia destes.

publicado por Manuel Anastácio às 20:47
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Segunda-feira, 27 de Setembro de 2010
Buscas pedidas: Poema infantil sobre o Outono

Estás a ver quando, depois muito de brincar,

Te vem o sono?

É assim o Outono.

É a Natureza a cabecear. De sono.

O Verão trouxe luz

E o canto das cigarras.

Agora, os ramos nus

São como garras

Que ora agarram os sonhos e os frutos,

Ora os deixam ao abandono.

É assim o Outono.

Alguns bichos, astutos,

Conhecem, do Inverno, o sinal

E nos troncos devolutos

Fazem os leitos da preguiça invernal.

Sobre os restos quentes e enxutos do Verão

Sonha-se com o que não se fez,

Mas só desta vez.

E enrolam-se no calor, isolados de qualquer mal,

À espera de nova vida, para além daquela, agora, adormecida,

Para lá, longe, além, tão além

De qualquer sono, preguiça, sonho. Hibernação.

publicado por Manuel Anastácio às 22:27
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Domingo, 26 de Setembro de 2010
Comentário II - correspondência online

Responde o Shark:

 

Dos três partidos de esquerda com representação parlamentar (num dos quais militei durante cerca de 11 anos) retenho a imagem dos demagogos inconsequentes (as putas finas da esquerda caviar), a dos obsoletos intransigentes (as matronas da esquerda retrógrada) e a dos ambidestros incongruentes (as madames da esquerda oportunista). Do meu contacto próximo com qualquer destas esquerdas na sua versão partidária só alimentei a sede de distância do fenómeno e das pessoas que o protagonizam. Não é a ideologia que nos trai mas a forma enviesada como os vícios partidários a moldam ao sabor das corridas aos poderes (locais ou nacionais) e como em nada se distinguem esquerda e direita na transformação sistemática dos partidos em feudos onde instalam as catapultas para hordas de medíocres sem qualquer amor à Pátria ou mesmo a qualquer ideal para lá do seu interesse pessoal e mesquinho. A sério, Manuel: eu no contexto destas estruturas criadas só mesmo à chapada (já não tenho dentes para morder a sério)... :)

 

E eu, perante esta resposta, só penso que faltam tubarões na política. Não moreias balofas, mas tubarões. As putas finas da esquerda caviar (juro que jamais vi algo que se assemelhasse a caviar ou putas finas no Bloco de Esquerda - a comida, nos jantares, é sempre má, e as prostitutas - de qualquer calibre - se as vejo, é no PS e no PSD) são, provavelmente, percepção de um círculo restrito sobre o qual não posso comentar por falta de conhecimento de causa.

 

...já não tenho dentes para morder a sério

 

 

!!!! Não me desiludas.

publicado por Manuel Anastácio às 23:11
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XII

Há o Alexandre Dumas filho, o Alexandre Dumas pai e... o "Francisco Louçã mãe" que, desde há algum tempo para cá, tem sido uma das buscas do Google que mais gente tem encaminhado para o meu quintal.

publicado por Manuel Anastácio às 23:02
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