Sommarnöje, de Anders Zorn (1886)
Pedi a tua amizade quando, atrás das grades,
Reconheci os mesmos traços da minha solidão.
E não quis roubar-te o sossego que eu não tinha,
Antes, disse-te que te queria como amigo.
E não riste do meu pedido
Nem disseste que sim.
Foste apenas o gesto que faltava
À simples realização de ser pessoa.
Sem o interesse do desejo
Ou a desconfiança da necessidade.
Havia apenas entre tu e eu uma saudade desinteressada.
Havia um cheiro a nada
No tudo que nos unia, e era um nada como aquele nada
Em que Deus, alheio às causas, todos os dias nos recria.
Pedi a tua amizade
E deste-me apenas a tua presença
Sem qualquer sinal de possessão ou de pertença.
Já sabias então que ser amigo
É nem querer sê-lo.
E é tão difícil aprender a esquecer o que é suposto para o ser!
Suplico-te paciência,
E talvez encha o teu rosto de lembranças.
Dá-me tempo, para acertar no tempo certo, na medida certa,
O que nos uniu - foi esse tempo e o mesmo pedido
De remendar nossas distâncias.