Volto ao sul, contrário à luz,
com sombra como cauda de noiva empertigada.
Volto ao sul, e esqueço norte e orientação.
Volto ao nada.
Sul, desterro.
Amarelo.
Solidão.
Volto ao sul, e na luz apenas encontro,
Envolto, mas solto, o tom macilento e lento da escuridão.
Volto
Volto
Volto ao sul.
A esforço
Volto.
Volto-me.
E é tão difícil voltar à força da negação,
Quando o olhar derramado em verde
Se perde na imensidão
Das ondas, aonde, ondas, ondas do mar de Vigo,
Te encontro, Inimigo
Aonde te perco, ó meu amigo,
Aonde perco, te perco
Se vistes o meu amigo,
E contigo peco,
Contigo
...
Perco
Perco
o senso, esse sentido, orientação
Romagem, peregrinação,
Se vistes, tal como eu, o meu amigo.
Aquele que comigo, contigo, é perdido.
A norte. Perdido. Sem salvação.
Volto ao sul.
Ao sul da fecundação
E é cheio de sul e de sol
Que me entrego, amaldiçoado,
às unhas negras - sexy
da perdição.
Volto ao sul.
Mas dele já não sou.
Sou todo norte. Todo rocha. Todo vento. Todo culpa
e Tradição.
Religião.
Heresia austera.
Acusação.
Volto ao sul.
E trago nas unhas as garras
Com que agarro e com que afago, lento, macilento, a tua minha traição.