Terça-feira, 9 de Junho de 2009
"Lua: a Princesa da Floresta Dourada", de Anabela Lopes

Depois de ler “Lua: a Princesa da Floresta Dourada”, de Anabela Lopes, fiquei com a impressão que este livro, como primeira obra, tem muitas arestas a limar e teria, provavelmente, muito a ganhar se tivesse amadurecido um pouco mais antes de ser publicado. Vou analisar, sumariamente e dentro das minhas competências de simples leitor, não aquilo que eu escreveria, mas aquilo que eu gostaria de ter lido. Repare-se que muitas vezes os criticados rebaixam o estatuto do crítico ao nível da esterilidade antipática. O crítico é aquele que diz mal mas não conseguiria jamais escrever algo melhor. Eu não tenho pretensões de escrever algo melhor no campo literário onde a Anabela está a dar os seus primeiros passos. Eu escrevo mesmo para gente complicada, e um livro de fantasia escrito por mim seria mais parecido com uma mistura de Tolkien com James Joyce do que, no caso da Anabela, com um conjunto de referências da literatura juvenil onde ressalta, obviamente, a figura tutelar de J. K. Rowling, mas também, e isto é importante (não é ironia de mau gosto), dos livros da “Anita” que, aliás, como ouvi à própria Anabela na já referida apresentação do livro na escola e se reafirma na contracapa do livro, é, de facto, uma referência importante no imaginário da autora. Na minha opinião, tirando os livros mais básicos de iniciação ao gosto dos livros (não falo da iniciação à leitura nem de um estádio mais avançado que é o da iniciação à literatura), todos os livros devem ter como público um leitor sem idade. Eu encontro, aliás, esta premissa na estrutura e estilo de “O Principezinho”, do “Peter Pan”, do “Harry Potter”, sei lá… de quase todos os grandes clássicos do que se pode considerar literatura fantástica para crianças. Não sei se o Principezinho se pode classificar nesta categoria, tendo em conta que tem um carácter de alegoria mais acentuado que nos outros casos. Mas há outra categoria de literatura infanto-juvenil que convém trazer ao lume: as obras de Enid Blyton e da Condessa de Ségur. Não sei até que ponto é que a Anabela conheceu estas duas autoras, mas não conseguirei dizer grande coisa sobre “Lua” sem as utilizar também como referência.

 

Comecemos pela estrutura do livro. Em primeiro lugar, é um primeiro volume de uma saga de que este livro é apenas a interrogação inicial. Quanto a mim, há demasiadas interrogações, muitas das quais sem justificação ou que dificilmente serão explicadas de uma forma coerente nos próximos volumes. Anabela não quis dar respostas ao leitor. Quis apenas espevitar a sua curiosidade… Contudo, ao seguir esta estratégia, creio eu, acabou por não se contar quase nada da história. Exceptuando grande parte do livro que analisarei quando falar do seu estilo e linguagem, algumas personagens, que, ainda por cima, parece que só aparecerão lá para o terceiro ou quarto volume (falo eu à sorte) ou que jamais voltarão a aparecer, são apresentadas de forma demasiado sumária. Contudo, das duas personagens que morrem neste volume – uma delas, Safira, a mãe de Lua e a segunda, uma outra que não revelarei por respeito a eventuais leitores, nenhuma delas se impõe verdadeiramente porque lhes falta uma de duas coisas: ou humanidade ou função emotiva ou alégorica. Como tornar uma personagem algo mais que um mero figurante? Safira é apresentada como uma personagem típica de conto de fadas, que percorre sozinha a floresta, tem uma especial empatia para com os animais e com a lua, não tem pretensões em especial, e é dona de uma vaidade nula, em contraste com uma óbvia figura de grande beleza física. Logo no início do romance, altura em que, numa analepse, Safira é a dona das páginas, se prevê a sua morte próxima com o nascimento de Lua. Assim se verifica. Lua nasce órfã de mãe e é rejeitada pelo pai que vê nela a culpada da morte da sua amada. O resto do livro, emocionalmente falando, andará à volta deste ressentimento de Rafael, o Príncipe herdeiro, para com Lua. Mas o ressentimento não é desenvolvido. De início ainda tinha a esperança que Rafael tomasse a cor negra de um Darth Vader e que Lua teria, de alguma forma, combater no seu próprio pai, o mal. Mas não. Isso seria um pouco mais interessante, mas seria, indubitavelmente uma tortura atroz para uma personagem como Lua, que vive num romance onde ninguém sofre de verdade. Tudo se resolve com frases de arrependimento, num mundo concebido segundo o esquema geométrico e claro dos livros da Anita. Espero que a Anabela não se zangue comigo, mas eu preciso de dizer-lhe que é preciso que ela abandone por completo o universo simples dos livros da Anita. Nesse universo não existe narrativa, não existe história, há apenas um suporte residual de texto para um conjunto de figurinhas apasteladas que nos encantavam a infância. Os livros da Anita não são, bem vistas as coisas, livros no sentido literário do termo. São a exposição de situações que servem a ilustração. Ora, “Lua” não tem ilustrações. Mas o baile em que Safira se torna oficialmente a noiva de Rafael não foge muito ao que poderia se poderia chamar “Safira (Anita) vai ao baile”, não fosse a característica fugidia da personagem que, arrastando Rafael atrás de si, segue em direcção ao mausoléu onde repousa o corpo da sua mãe, sobre o qual as flores jamais murcham. Há aqui um elemento fantástico que se adivinha importante para o resto da história, mas que, tal como outros pormenores potencialmente interessantes da história, não é desenvolvido. Sabemos que a mãe de Safira, mulher do que nos é (pelo menos neste volume) apresentado como sendo apenas um pobre lenhador, jaz num mausoléu em volta do qual não nasce qualquer vegetação. Aliás, o momento verdadeiramente interessante, no baile, do ponto de vista literário, é exactamente essa fuga do ambiente feérico e estereotipado para o ambiente gótico da sepultura da mãe de Safira.

 

Dizia eu que uma personagem, para não ser meramente figurante no romance, tem de ter alguma consistência humana, funcionalidade emotiva ou alegórica. As personagens que vão aparecendo em Lua (e não são muitas) parecem ter apenas função dentro de um enredo que ainda não nos é revelado. Do avô de Lua só sabemos que é um lenhador que faz bom chocolate e que gosta muito da sua neta. Ora, isso não o faz muito diferente de qualquer avô. E, na verdade, não seria preciso muito. É preciso um pormenor memorável, uma história dentro da história que explique quem é aquele avô. Alguma coisa que nos faça querer tê-lo também como avô. Até Rafael, o Príncipe herdeiro, que tem tudo para ser uma personagem emocionalmente rica, apenas demonstra o seu desgosto pela morte da sua mulher durante o parto recusando falar com a filha. Isto é, tem presença no romance pelo lado negativo: não é importante pelo que faz, mas pelo que não faz. Faltam momentos, acções, conversas, que fujam da linha principal da narrativa, mas que dêem consistência à personagem. Quando Rafael chora a sua desgraça, não basta descrever o seu choro, gritos e desejo de imediata resolução através de um momento dramático apenas frustrado pela intervenção de Rossana. Anabela julgará, porventura, que toda a gente sabe o que se passa na cabeça de Rafael: perante uma perda e perante o seu falhanço como pai, acaba por descambar num acto estúpido de cobardia. Mas é aqui que a Anabela precisa de parar um pouco mais. É sua função, como narradora, dizer o que se passa naquela cabeça. Deve deixar um pouco mais de lado a descrição dos actos quotidianos e entrar mais nos raciocínios da personagem. A descrição dos gestos exteriores é algo próprio dos livros da Anita, mas não é já adequado ao nível de um romance juvenil de fantasia, com laivos góticos. Entrar na cabeça das personagens exige uma forte dose de duas coisas, sem as quais não se poderá ser um bom autor de ficção: crueldade e compaixão. Crueldade, porque é preciso pôr as personagens frente a situações particularmente dolorosas. Mas o leitor, por mais que torça para que tudo corra bem, é sempre um espectador sádico. Não basta dizer que tal personagem morreu. É preciso que essa morte tenha um significado mais profundo. Por exemplo: os pais do Harry Potter morrem. Em que situação? Num sacrifício. Oferecem-se em sacrifício. Aí está tudo. Crueldade por parte da escritora, que imagina algo de tão horrível como dois pais oferecerem a vida para que o seu filho lhes sobreviva, mas também a compaixão da autora que, lentamente, em situações emocionalmente fortes, nos vai mostrando o que se escondia atrás daquela morte. As situações reveladoras devem, contudo, num romance deste género, evitar o diálogo pelo diálogo. O narrador tem de conceber situações que obriguem as personagens a descoser-se. Não basta juntá-las a conversar, a confessar e a expor os seus sentimentos.

 

Outra característica de “Lua” é a longa descrição de procedimentos que não têm grande significado nem relevância para a história. É isso que designo por um certo “espírito dos livros da Anita” e que só poderia ganhar outra profundidade se as situações fossem trabalhadas ao género de Enid Blyton. Por exemplo, na cena em que Lua visita o avô lê-se: “(…) as refeições eram preparadas à lareira e Lua dizia que os cozinhados do avô eram melhores que os do castelo.

            - Têm mais sabor – afirmava ela.”

Há aqui um elemento narrativo que, obviamente, não é importante para a história, mas que faz parte das coisas que se esperam de um romance: ver as coisas sob os olhos de outros. Mas o que falha aqui, em termos narrativos? A Anabela refere-se a algo que faz parte do passado imperfeito, algo que “era assim”. Mas a citação não nos faz crescer a água na boca como a menção dos scones, queijo com marmelada e outras iguarias prosaicas que enchiam os livros de Enid Blyton. Por que razão? Porque Blyton criava uma situação concreta onde o elemento fome acentuava a urgência daquelas menções gastronómicas. Os Cinco estavam acampados, ficaram sem comida, puseram-se à procura de uma quinta e só depois de desesperarem é que encontram uma velhota simpática que lhes faz scones deliciosos e não sei que mais. Em “Lua”, a referência aos cozinhados (palavra demasiado vaga) apoia-se numa passagem onde se descreve a casa do avô. Não há urgência nem apetite. Aliás, nem teria de haver, mas Anabela realça a alguma importância da passagem ao citar a própria Lua numa situação abstracta onde diz “têm mais sabor” – citação essa que não acrescenta nada que não pudesse ser incluído na primeira frase: “as refeições eram preparadas à lareira e Lua dizia que os cozinhados do avô eram melhores que os do castelo e que por alguma razão tinham mais sabor.” – pode parecer uma ninharia, mas a fluência narrativa, para o leitor é feita destas pequenas coisas. Se uma frase de Lua é destacada num parágrafo à parte, espera-se que esse parágrafo acrescente algo. Se não acrescentar nada, ficamos com a impressão desagradável da repetição desnecessária.

 

Da mesma forma, há um excesso de descrições de coisas que não merecem grande atenção do leitor ou cuja beleza se resume ao facto de se dizer que é belo. Por exemplo, fala-se nos vitrais do castelo e nos efeitos de luz muito apreciados por quem vivia no castelo. Posso colocar imediatamente a questão: que efeitos eram esses? Por que razão é que eram apreciados? E a narradora dizer-me imediatamente que isso não interessa para a história, mas a verdade é que se não interessa para a história, não deveria ter sido referido. Por exemplo, os efeitos de luz poderiam ser referidos como sendo um contraste entre a austeridade  branca das paredes, semelhantes a uma banal prisão e a sugestão de magia e cor que vinham do exterior, fazendo menção ao constante anseio de Lua em sair do castelo. Enfim, perante as descrições estéreis, o escritor deve, das duas, uma: ou eliminá-las (e o computador é tão bom nisso, nessa carnificina de palavras que não levam a lado algum) ou torná-las férteis. Como? Contando uma situação em que se dá um valor acrescentado ou significado à descrição. Eu sei que muitas das descrições da Anabela têm exactamente como fim a transmissão de algum sentimento de tédio de Lua entre as paredes do Castelo, mas devemos evitar que esse tédio passe também para o leitor. Cada frase deve trazer em si sempre mais que aquilo que descreve, de modo a prender a atenção do leitor.

 

Quando falo do amadurecimento do livro, refiro-me também a algumas incoerências no texto. Rossana é apresentada como uma simples criada, mas a determinado momento, depois de uma “revelação”, em conversa com Rafael, flutua entre um tratamento formal (Majestade) com outro mais familiar (“Parece um velho a falar…”) que rapidamente se transforma numa intimidade forçada sem que haja, de facto, motivos para considerarmos essa intimidade verosímil. Na verdade, as situações pouco verosímeis multiplicam-se como o tratamento caseiro que é dado ao professor Guidion que, depois de uma suspeita de actos criminosos, é deixado em liberdade e ao qual apenas se diz “amanhã compareça no castelo”, ainda que, depois, mantendo-se as mesmas suspeitas, já incorra no perigo de ser sentenciado às masmorras. Tudo se resolve com conversa, como no Conselho Executivo de uma escola portuguesa. Com a diferença que em “Lua” todos são sinceros no que dizem, mesmo quando escondem alguma coisa. Outra coisa que aumenta a inverosimilhança em “Lua” é a relação entre o mundo mágico e o mundo banal em que Lua se move. Ninguém fala de feiticeiros, há acontecimentos oficiais importantes que são referidos (como o baile ou a apresentação de Lua), sem que haja presença de feiticeiros, mas o acesso ao mundo mágico não é, de modo algum, um segredo oculto como o que verificamos no universo de Harry Potter. A muralha de quartzo azul (referida, a certa altura, como tendo dez metros e, noutra página, como tendo dez centímetros – gralha um pouco grosseira para se deixar passar) não existe num qualquer ponto invisível aos olhos dos não feiticeiros – ou nada nos leva a pensar o contrário. Mas esta indefinição é, por vezes, o que banha a narrativa de um tom de luar fantástico, mas pouco explorado, o que resulta numa certa frustração por parte do leitor.

 

Depois, nota-se por vezes alguma utilização de termos menos adequados ao registo literário. Por exemplo, “biodiversidade” é um termo adequado a um artigo jornalístico sobre um parque natural, mas não é o mais adequado para se referir à simples diversidade de animais e plantas à medida que se avança pela Floresta Dourada. A utilização de termos do campo científico num registo que se quer de fantasia cria uma fricção algo desconfortável.

 

Finalmente, tenho a felicitar algumas imagens mais bem conseguidas, como a fonte de pedra em forma de árvore ou a descrição viva do primeiro encontro com Renato, onde se multiplicam pequenas situações, como a explicação da etimologia do nome do rapaz, a consequente piada sobre o nome de Lua, e a descrição dos movimento das personagens que, tal como o balançar da ponte, reflectem as variações de humor infantil de Lua, que aqui aparece como criança e não como uma menina crescida para a sua idade, e que supostamente sofreu “mais do que qualquer outra pessoa na Floresta”, o que, noutra passagem, me parece ser algo leviano de se dizer: os sofrimentos de Lua não são assim tão excruciantes e parecem-me, mais, as simples birras de uma adolescente mimada que se aborrece por tudo e por nada e que, por acaso, tem um pai que tem com ela uma má relação; note-se que a má relação com o pai não a torna menos mimada, nem justifica que se porte de outra maneira que não a de uma simples menina mimada sem nada de especial que a distinga de qualquer outra criança da sua idade.

 

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publicado por Manuel Anastácio às 22:42
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De Anabela Lopes a 10 de Junho de 2009 às 22:33
Manuel,
começo por lhe agradecer a crítica. Não sei se esperava que eu ficasse aborrecida ou chocada de alguma forma, mas não, acredite. Afinal de contas, é o meu 1º livro (editado - os restantes ainda estarão em "pior estado") e sei que está muito longe de estar perfeito. Relembro apenas que sou da área das ciências e que às vezes ler muito não chega, e isso acho que se nota no que se refere às descrições (e aquele "biodiversidade" é influenciado por alguma coisa!). Dá sempre uma ajuda quando se tem algum tipo de formação.
Como é óbvio, terei mais em conta os seus conselhos neste novo livro e seguintes.
Quanto aos livros da Anita: acho que viu demasiado deles em "Lua". Foram apenas os primeiros livros que li, nunca mais os li, e pouco me ficou deles, a não ser o lugar na estante.
No início diz que provavelmente as personagens que desaparecem voltarão no 3º ou 4º livro... bem, isso não é verdade, aparecem no 2º e todos têm um plano especial na história (entre o 1º e o 2º livro há um espaço de 9 anos). E acredite que todos os pormenores serão desenvolvidos, nada ficará esquecido, tudo tem o seu propósito. Este primeiro livro é apenas um prólogo (como se lê numa das primeiras páginas) e tem como objectivo apresentar personagens e espaços.
De qualquer forma, deduzo que de uma forma geral não gostou do livro. Fico um pouco triste, como é óbvio, mas confesso que já esperava. Mas é o meu livro, bom ou mau fui eu que o escrevi, e tentarei melhorar sempre, esperando contar com o seu apoio e críticas, que são sempre construtivas.
Um abraço,
Anabela
De Manuel Anastácio a 10 de Junho de 2009 às 22:56
Anabela: um livro vale sempre a pena - claro que há aqueles que mais amamos e aqueles que gostamos menos - mas odiar, odiar, só se os livros forem feitos de ódio, e o teu livro sempre é feito de amor. Confesso que esperava um pouco mais de verdade nas personagens, que ainda se mantêm demasiado superficiais. Mas estou pronto para ler os próximos volumes e esperar ver neles mais humanidade. Quanto aos livros da Anita: utilizei-os apenas como paralelismo. É preciso ir mais fundo, procurar nas entranhas das personagens aquilo que os motiva, aquilo que lhes mete medo, aquilo que os transforma em heróis ou em monstros. Vai uma sugestão? Já criaste as personagens, tenta agora viver as personagens por dentro. Procura aquilo que nelas é verdadeiro. E o que é verdadeiro é, em primeiro lugar, aquilo que nos faz confusão. E as personagens do primeiro volume vivem num mundo de alguma perplexidade infantil, mas não vivem em dúvida em relação a si mesmos, em relação ao que os move... É preciso sofrer como eles. É preciso transformarmos a nossa dor na dor deles. Mas sem dor, esquece. Até uma boa anedota precisa de pôr alguém a sofrer.
Só te pedia, como leitor, que fosses um pouco mais radical nos próximos livros. Procura a verdade da tua história.
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