Sevem Suzuki, Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - Rio de Janeiro - Brasil (Junho de 1992).
Um discurso é um discurso. Há grandes discursos. Há maus discursos. São sempre literatura. E por mais que eu goste de literatura, há coisas que o não deviam ser.
Eu não amo Luis Inácio, jamais votei nele, mas tenho que reconhecer que ele fez diferença, que ele tirou milhões de pessoas da miséria, que os corruptos são apontados e penalizados, que ele segura mesmo as coisas (todas as medidas são tomadas em tempo para que tudo não passe de uma marola). Sinto que não haverá mais oportunidade para fazer o que não fiz: votar nele. Porque já é o segundo mandato e a Constituição não permite uma terceira vez. No entanto, gostaria que ele continuasse para resolver os problemas todavia sem soluções, como o intenso tráfico de drogas no Rio, causa da violência estupenda que há ali. Não amo Lula, mas aprendi a admirá-lo, não há como não admirar, é um retado mesmo (estou entre os 84% dos brasileiros que aplaudem o presidente).
Aplaudir é amar. Eu não aplaudo os dirigentes máximos do meu país. Não votei nem num nem noutro. Entristece-me, contudo, que tanto um como o outro sejam aplaudidos pela política hipócrita, falsa, mentirosa e bajuladora que disfarçam de reformismo. Entristece-me o vazio interesseiro que os move. Os portugueses, na sua maioria, caem, contudo, que nem sardinhas nas suas redes de arrasto e aplaudem-nos. Deprimente.