Domingo, 18 de Janeiro de 2009
Segunda canção última

Cemitério de São Dinis, Vila Real.

 

Sobre os arbóreos tramos

Que para nossa abóbada escolhemos,

Enquanto apenas em nós vivemos,

Passou a aragem dos teus gestos entre os ramos.

Sacudiste a seiva que escorria de cada galho

E, tremendo, chovi em pétalas sobre o teu rosto.

 

Passa o verão, seca o orvalho,

E logo vem a estação do mosto

Destilar, no cobre fosco do alambique,

Alheios fantasmas de vapor entre o calor que morre.

Lá fora, a água escorre.

O musgo medra.

O vendaval procria.

Chegados aos átomos,

Pragmáticos,

Os sábios matemáticos consagram-se à poesia.

 

A cristal geometria do crisol

Solidifica a demora, e o sol,

Noutra abóbada, noutro lar, noutros tramos,

Sobre outro olhar, onde não estamos,

Apenas orvalhará primaveras noutro, agora, ausente rosto,

Indiferentemente renovado, no seu quase eterno posto.

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publicado por Manuel Anastácio às 20:00
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